Ai, que preguiça! Digo eu, lembrando e me assumindo Macunaíma. Diante da coisa, muita coisa, dezenas e dezenas de coisas… Instalação. Hum! Tá. O jeito é sapear para ver no que dá, mas, ai que preguiça!
Epa! Isso aqui é bom pra brincar:
Entendo, pois me é cômodo, que é melhor deixar também o meu olhar sem alvo estabelecido. Olho para onde quiser que os olhos são meus e ninguém vai me dizer para onde, o quê, por quanto tempo permanecer por aqui.
Muita coisa! Será que o almoço vai demorar?
Coisa boa é ter verba. Dá para fazer um monte! Uma profusão! Uma hipérbole de coisas. E para quem pensa que estou exagerando, é só dar uma espiada:

Não é só perturbação. É grana pra poder gastar. Se tem, faz de montão. E, me parece, que não é para ler tudo, para ver tudo, refletir tudo. A gente dá uma passada de olhos e para no que nos apetece, ou no que nos diz respeito, ou o que pede respeito. Tipo o despacho arriado com as coisas que o despachante achou que devia.

Veja bem o que tem acima… Miséria de três cigarros! Três! Ou será que o povo do cigarrinho achou que era canabis e levou? E cadê a marafo? Esse arriador de terceira, mão de vaca não colocou marafo, umas moedas… tá pensando que é dízimo. Eita! Essa espada é de Santa Rita ou de São Jorge?
Com licença que vou seguir em frente. Paro no seguinte que me chama para brincar:

Sou chegado em coisa “ondulante, maleável, voluptuosa, acariciante…” Espera, o sujeito vai para sílex duro? Esse povo gosta de brincar de que?
Instalação é para isso mesmo. A gente entrar, sentar se quiser, ler se quiser, deixar o olhar caminhar, o interesse chegar, estabelecer um diálogo com a obra. Vou ter que bater papo com a coisa? Ai, meu dindin, que preguiça! Estou pouco disposto a conversações. Inda mais com esse povo de muitas caras! Veja só quantas faces tem o sujeito:

Eu acho que sei quem é o meliante. Acho, sempre acho, porque ninguém sabe realmente quem é qualquer sujeito dos tantos que há por aí. Parece ser, parece não ser, é bonito, é feio, é louco, é são. Tá cheio de coisa dele junto com tudo o mais por aqui. Até uma frase do meliante que gostei por demais:
Nem sabia que o Antonin Artaud fazia premonições… Ele pode romper, por ter essa coisa que a gente briga pra definir… arte! Estilo me parece coisa datada, tão antiga quanto talento que, é sempre bom lembrar, era moeda no tempo dos romanos. Tem talento, faz. Não tem talento, verba, grana, money, dólar, euro, marco… dinheiro vivo (os compradores de imóveis têm), não tem moeda, não faz. Mas, aí… vem o Mirada! O Sesc tem.
O Mirada banca e o povo faz. Fui atrás do nome: Thea²trumcorpusmundi. Hein? O que mesmo? Caramba, quantas vezes vou ter de dizer que sou preguiçoso? Hum… “o título contém o anagrama de Antonin Artaud”. Ah, tá! Que emoção! Será que conseguirei dormir após tamanha revelação.
Há uma areia boa pra se deitar dentro da coisa. Há bancos, mas há um monte de coisa que pode despencar e cair na minha cabeça. É só observar:

Enfim, meu agradecimento para Ricardo Muniz Fernandes, Christine Greiner e Ana Kiffer e mais os colaboradores Isabel Teixeira, Paulo Henrique Pompermeier e Andrea Caruso Saturnino. Devo registrar que me diverti pacas!
Vou nessa, sem antes deixar meu complemento ao que vi:

Uns acreditam em meteoros, outros em cosmogonias, uns nisso, outros naquilo… Eu, tenho preguiça.
Tchau!