Parece familiar a denominação Largo do Machado. O noticiário ou folhetos de agências de turismo citam o local onde há uma estação do metrô e também um serviço que leva os interessados ao Corcovado. Gostei de estar hospedado nas imediações do Largo que parece praça antiga de cidade pequena, embora paire no ambiente o inequívoco espírito carioca.
Os finais de semana do Largo do Machado me pareceram tranquilos. As árvores frondosas favorecem a permanência de pessoas desfrutando bons momentos; a maioria é gente da terceira idade que pratica ginástica em aparelhos específicos. Há outro tanto de gente que ocupa mesas jogando cartas, jogando conversa fora em atitudes bem pacatas.
Não sendo do Rio de Janeiro fiquei associando o Machado do Largo ao Machado de Assis. Noite de sábado, algumas horas de lazer, saí com amigos de cá e de lá para comemorar a alegria de viver (Leia-se “muitos chopes!”). Antes de chegar ao bar passamos por uma praça menor, com a estátua de um sujeito sentado sobre uma cadeira, tipo escritor: Bingo! Machado de Assis! Distraído com a boa companhia nem percebi que estávamos a dois quarteirões do Largo do Machado e que seria, no mínimo, incoerente ter uma praça homenageando o escritor e o monumento em outra…
Passei novamente pelo Largo do Machado. Fiz algumas fotos, priorizando a estátua e a igreja de Nossa Senhora da Glória. Olhando as senhorinhas frequentadoras do local brinquei de imaginar que entre elas estaria alguma descendente de Capitu e, com preguiça de ir até a outra praça, não fotografei o “Machado sentado”.
Há pouco fiz descobertas embaraçosas… Para começar, o simpático Largo é Machado por conta de certo “André Nogueira Machado”, um oleiro que morou por ali. E não é só; também descobri que a estátua da praça ao lado é de José de Alencar, que por sinal dá nome ao local. Pior: tendo passado várias vezes pelo Engenho Novo, não me passou pela cabeça, nem por um momento, que fica naquele bairro a casa construída por Dom Casmurro… Que “grande conhecedor” de literatura e do Rio de Janeiro que sou!
Bem, continuo gostando do local. Lamento pelo oleiro, mas Machado será sempre o de Assis. Quem sabe um dia eu possa estar entre os velhinhos frequentadores do Largo, jogando cartas, brincando com a humanidade. Se isso acontecer e aparecer um mineiro radicado em Sampa que pensa que conhece o Rio, contarei ao dito cujo muitas histórias de Capitu passeando pelas imediações, sentando-se no mesmo banco que Helena, Iaiá Garcia e indicando ao incauto a estátua de Machado, na pracinha ao lado…
.
Boa semana para todos!
.