O metrô estaciona na estação Luz. Um assalto!
Do lado de fora vem uma mão que, sorrateira,
Leva o telefone de um indivíduo.
Movimento similar e outros telefones são roubados.
Um pequeno arrastão. Tudo rápido, eficiente.
O pânico instalado e todo mundo olhando pra todo mundo.
Somos cúmplices dos ladrões?
Permaneceu algum assaltante no trem, já em movimento?
Ninguém fala. Ninguém grita.
Assustado, recordo outros assaltos; esses a mão armada.
Revivo sentimentos que sonhava distantes
Vontade de matar, trucidar, cortar as mãos do outro.
É natal… Tempo de luz…
Luzes na cidade, ladrões na Luz.
Ironicamente,
Anúncios no vagão garantem segurança
Outros, mentirosos, oferecem tranquilidade.
Antes de descer do trem, vigio meu próprio bolso;
Experimento a felicidade de não ter sido roubado.
E sigo aparentando tranquilidade;
É só mais um domingo paulistano.
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Obs.: A foto acima é de um mural da Paróquia de Nossa Senhora das Graças, em Uberaba, MG; pintura de Antônio Fernando dos Anjos.