
A exposição “LEONARDO DA VINCI 500 anos de um gênio” está em São Paulo e aqui permanece até 1 de março de 2020. Ótimo programa para as férias, é bom reservar tempo razoável para permanecer no local. Por exemplo, a projeção em múltiplos e diversos tamanhos de telas dura cerca de 40 minutos; por si, justifica plenamente a experiência prometida ao visitante. Mas, não fica nisso. Outros espaços demandam tempo para uma observação digna do trabalho do artista italiano.
Tendo sido bastante discreto, pouco se sabe concretamente sobre a vida de Leonardo da Vinci, exceto aquilo que diz respeito aos trabalhos e as diversas mudanças de cidades. Certamente foi vaidoso; relatam que era bonito, usava roupas vistosas e gostava de festas. Com certeza foi dono de uma curiosidade insaciável, o que é comprovado por trabalhos em arquitetura, biologia, música, escultura, pintura. Visionário, inventou objetos incríveis e na pintura foi o precursor do claro/escuro legando ainda, em sua Monalisa, a paisagem de fundo que alteraria os retratos por todo o sempre. Foi o homem renascentista por excelência, o cientista para o qual não há limites para o saber.
O universo da arte adora mitos e adjetivar Da Vinci como gênio é parte desse costume. Entrando na exposição no MIS EXPERIENCE quem pode negar a genialidade do artista? Estão lá, por exemplo diversos exemplos da escrita especular, ou espelho, e ainda é difícil especificar os motivos, embora não faltem conjecturas para essa atitude do artista. Canhoto, foi ambidestro, e em tempos de gente imbecil (como esses que vivemos) dificultar a leitura seria útil, embora baste um espelho para decifrá-la.

A escrita de Da Vinci ilumina os desenhos, dignos dos melhores livros de medicina, e bem em frente aos mesmos há diversas pinturas. Em todas as salas estão objetos tridimensionais, reprodução dos inventos que servem para a guerra tanto quanto para a arte e a ciência. Uma sala dedicada à Monalisa soma conhecimento ao senso comum que permanece interessado na identidade da moça e em possíveis “fofocas” que alimentam a curiosidade vulgar. Aquela mesma que levou milhares de leitores às livrarias via fantasias de Dan Brown.
Seja pelo Homem Vitruviano, ou pelos esboços da escultura de cavalo para a família Sforza, ou ainda pela extraordinária beleza e teatralidade d’A Santa Ceia, tudo leva a afirmar e a reconhecer um grande e imenso amor pelo conhecimento. Penso que seria esse o aspecto a enfatizar: Quanto mais conhecemos, mais há por conhecer e de tudo quanto é possível conhecer nada é bastante para nos limitar, fazer parar. E é essa característica que apaixona no Renascimento, nos renascentistas. O ilimitado amor pelo estudo, pela pesquisa, pela aquisição de práticas e técnicas, pela elaboração de teorias, pelo exercício da sensibilidade via arte em diferentes expressões.
Há brinquedos na exposição “LEONARDO DA VINCI 500 anos de um gênio”. E há ciladas oportunistas, como venda de canecas ordinárias estampadas com obras do artista por 59,00 reais! Livros, cartões postais e outros objetos por preços acintosos. Isto num evento que tem patrocinadores poderosos que deveriam bancar até os ingressos para a população (Não é mesmo, d. Vale?) da qual tiram tanto. E baratear objetos e livros garantiriam não só maior escoamento, mas colaboraria efetivamente nos objetivos de facilitar conhecimento e entretenimento para a população.
Vamos lá brincar e conhecer. E deixar para comprar livros onde estão em conta. Sugiro conter a ansiedade por cacarecos e seus preços abusivos e, desejo, sobretudo, que possamos aprender a amar o conhecimento tanto quanto Leonardo da Vinci.
Até mais!
Em tempo:

“LEONARDO DA VINCI 500 anos de um gênio” está no MIS EXPERIENCE. Rua Vladimir Herzog, 75. Água Branca. São Paulo. São Paulo.
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