Embarque com Claudia e Brengel

Próximo domingo, no Trem das Lives, Fernando Brengel recebe Claudia Bouman. Vai ser um encontro de profissionais que vivem profundamente o cotidiano do universo que escolheram. Publicitários e professores, todos os alunos e amigos de ambos sabem que eles não economizam em compartilhar conhecimentos.

“Os processos de decisão de compras à luz do neuromarketing” será o tema que, com certeza, via Claudia Bouman será divertido, abrindo-nos a mente e fazendo-nos ver outros aspectos que vivenciamos cotidianamente. Quem já trabalhou ou foi aluno de Claudia tem certeza do domínio que ela tem de todas as disciplinas que envolvem a área em que atua. E com a mediação de Fernando Brengel! Vai ser muito bom!

Estou feliz com esse encontro, pois estamos juntos “desde o século passado”; nem sempre na mesma empresa, posto que andamos fazendo muitas coisas por aí. O Trem das Lives é mais um trabalho que nos coloca em sintonia, levando-nos para frente e, o que importa, sempre juntos.

Reiterando: Domingo, 10/01, 18h no instagram.com/tremdaslives

Todos estão convidados!

valdoresende@wordpress.com

“O Livro de Boni” é para ser estudado

valdoresende@wordpress.com

A primeira boa surpresa de “O Livro de Boni” é o prefácio do sociólogo Domenico de Masi. Com reconhecida competência, o  escritor italiano sintetiza o motivo essencial para a leitura da autobiografia de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o todo poderoso e lendário Boni, para quem se credita o mega sucesso da Rede Globo de Televisão. “A autobiografia de Boni é um verdadeiro tesouro de informações acerca de como nasce e se consolida a sociedade midiática em um país como o Brasil”, escreveu De Masi.

Logo em seguida, De Masi, coerentemente com seus estudos sobre Criatividade, aponta uma característica individual – capacidade de estabelecer parcerias – determinante para o sucesso de um grupo criativo, apontando o grande parceiro de Boni, vital para o empreendimento que veio a fazer da TV Globo uma rede reconhecida mundialmente: o próprio Roberto Marinho.

“O Livro de Boni” revela muito sobre o comportamento criativo, estudado por De Masi. E seria interessante uma análise abrangente da autobiografia  de Boni, sob essa perspectiva teórica. Por exemplo, Boni reúne em si vários fatores individuais determinantes para o trabalho criativo: forte motivação; preparação caprichosa, correção profissional, forte senso de integração, espírito de iniciativa, força de vontade, dedicação total, flexibilidade, solidariedade e por aí vai.

A motivação de Boni começa na infância, apaixonado pelo rádio e, em seguida, pela TV. A preparação inclui encontros e trabalhos conjuntos com gente especial como Manoel de Nóbrega e o então diretor-geral da Rádio Clube do Brasil, Dias Gomes. Em sua autobiografia, Boni revela na própria forma de apresentar sua história um senso de integração extraordinário assim como um espírito de iniciativa e força de vontade incomuns.

Como leciono para publicitários, coloco desde já este livro como fundamental para os futuros profissionais da área. O publicitário Boni está no imaginário de milhões de brasileiros com o “Varig, Varig, Varig” tão forte quanto o posterior “Plim-Plim”. Criou o inesquecível comercial dos Cobertores Parahyba e acumulou prêmios na publicidade. Força de vontade e dedicação total são características evidenciadas pelos estudos de De Masi, facilmente verificáveis no trabalho de Boni.

Outro fator que determina a criatividade individual, a flexibilidade, é um capítulo à parte na vida de Boni: Escreveu para humor e deu atendimento em funerária, foi ator, redator, compositor, locutor, apresentador e, além das atividades amplamente conhecidas, trabalhou como auxiliar de protético além de atuar ao lado de cenógrafos, sonoplastas e todos os demais técnicos que compõem o universo da criação publicitária e televisiva.

Falta apontar, entre as principais características individuais que detectei lendo o livro, a solidariedade. Nesse aspecto, Boni revela um lado humano bem distante da imagem pública de mando e desmando de vice-presidente da Rede Globo. Tudo começa na família e nos primeiros capítulos do livro Boni caracteriza o pai, a mãe, os avós, as tias – muitas tias! – e uma infindável galeria de amigos. Se um momento, por exemplo, ele aprende com Dias Gomes, muito depois, já poderoso, garante a possibilidade de trabalho com liberdade para o grande autor. Se as tias ajudam o menino, o diretor retribui e revela profunda gratidão.

A principal contribuição de  “O Livro de Boni” é fazer com que percebamos o quanto a televisão brasileira, na primeira metade do século XX – ou seja, da sua criação até à  criação e consolidação das grandes redes – foi fruto do trabalho de um grande grupo criativo. Este grupo esteve presente nas diferentes emissoras atuando em musicais, humorísticos, teleteatros, novelas. Pioneiros, inovadores, apaixonados pelas novas possibilidades, abertos a estímulos diferenciados e sem discriminações. Uma amizade facilmente percebida e fartamente documentada, a televisão brasileira é uma história de cumplicidade entre amigos, quase uma grande família.

A TV brasileira se faz e Boni é parte fundamental da formação e afirmação da mesma. Agora, ao colocar sua experiência em livro facilita o conhecimento para todos nós. Vale conhecer e estudar os mecanismos de construção de uma grande rede televisiva, as diferentes formas de atuação em televisão e publicidade, enfim, essa questão humana primordial denominada comunicação.

Boa leitura!

Nota: “O Livro de Boni” é uma publicação da editora Casa da Palavra.