
É comum reclamar ou ouvir reclamação pela falta de tempo. Fiquei lembrando antiga prece de Michel Quoist, um padre católico que lá pela primeira metade do século passado já assinalava o que hoje é senso comum:
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…Horas curtas demais,
Dias curtos demais,
Vidas curtas demais.
Tu que estás fora do tempo, Senhor,
sorris ao ver-nos brigar com ele…
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Dezembro é o mês em que, obrigatoriamente, devemos fazer um balanço do que fizemos. As obrigações familiares, os compromissos religiosos, as realizações profissionais. Nesse balanço de final de ano, por exemplo, descobri que fiquei cinquenta dias fora de casa, viajando para também trabalhar em Pernambuco e Minas Gerais. Fato concreto: encontrei quartos limpos, camas arrumadas, mesas fartas e saborosas; e graças às traquitanas contemporâneas estive o tempo todo conectado com minha casa, com as pessoas que amo, fazendo com que o estar longe fosse apenas um dado a mais. Além do agradecimento mecânico e da rápida oração matinal cotidiana, cabe neste balanço reservar espaço para um agradecimento maior por cada uma das coisas que fizeram com que tivéssemos conforto emocional e material.
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Nesses balanços de dezembro as pessoas contabilizam atrasos, ausências, realizações e listam projetos não concretizados além de outros que precisam sair do papel. É sempre bom enfatizar que não se trata de buscar punição ou prêmio, conforme o resultado geral. Importa olhar com equilíbrio os erros e acertos, as vitórias e as derrotas. E agradecer! E constatar que, estando vivos, temos a oportunidade de seguir em frente buscando o que nos falta. A prece de Michel Quoist passa à condição de mantra:
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Tenho todo o meu tempo, Senhor!
Todo o tempo que me dás.
Os anos de minha vida,
Os dias de meus anos,
Os minutos de meus dias,
São todos meus,
Cabe-me preenchê-los
Tranquilamente, calmamente…
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Como ser dono e administrador do nosso tempo individual em convivência com o tempo de todos aqueles com os quais convivemos? Talvez seja esta a maior tarefa para muitos de nós. E não carece de muita reflexão para perceber o tamanho da responsabilidade que temos para conosco; assim cabe pensar e planejar com cautela nosso futuro. O que faremos com todas as horas, minutos, dias e meses de 2015?
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Até mais!
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Obs: A prece acima está em Poemas Para Rezar, de Michael Quoist. Editora Duas Cidades.