
Um ano sem ir a Uberaba (maldita pandemia!). Toca a viver de lembranças…
E eu sinto uma saudade insana da estrada, da sensação de voltar, chegar na cidade onde nasci.
As primeiras saídas, tentativas de mudança foram confusas. Era um querer vir, não querendo, diria a personagem popular. Era comum viajar chorando, o rosto escondido, olhando a noite pela janela do ônibus. A juventude garantia ânimo e força para voltar na semana seguinte. Era o ir e vir constante, gerando sextas-feiras de ansiedade, segundas-feiras de cansaço.
São Paulo e a vida, aos poucos, exigindo outras posturas. E de uma vez por semana, passei a visitar a cidade uma vez por mês. Não contabilizei o tempo. Mas o trabalho foi exigindo e, aos poucos, a vida mudando… Uberaba passou a tomar todos os feriados.
Tempo, tempo, tempo… E chegou o período de ir só nas férias, em aniversários especiais, visitas a doentes. Nunca mais que quatro meses sem visitar a cidade. Não pensava, nunca cogitei de ficar distante um ano inteirinho.
201 anos! O ano que não vi. Um ano!
Ano passado era pra ter sido uma festa enorme, a gente comemorando o bicentenário da cidade com lançamento do Uberaba 200 anos – No Coração do Brasil, “Euzinho” lá, entre os poetas da cidade no livro organizado por Martha Zednik de Casanova.
Foi o que tinha de ser.
Hoje acordei após sonhos. Nesses, estava lá, como em muitos outros. Esta quarentena infinda não manda nos meus sonhos. E o bom de sonhar é que o tempo não conta. Vejo meu quintal como há muito não é mais, com goiabeira, laranjeira, mamoeiro, jabuticabeira… Sonho com o quarto que dividi com meu irmão e que, após ele se mudar para Brasília, pintei todos os móveis de preto, para desalento da família (Eu era dark e não sabia!). Sonhos… Minha cidade dentro dos meus sonhos.
Uberaba! Tá na hora de pedir versos emprestados a Caetano Veloso:
“por mais distante, o errante navegante, quem jamais te esqueceria…”
A pandemia ainda está aqui, aí, em todo o Brasil. O que deveria ser festa pede apreensão, cuidado dobrado. Recebo notícias de minhas irmãs, trancadas sem que sejam Carmelitas, Concepcionistas. Não vão ao Carmelo, à Medalha Milagrosa. Não vão a lugar nenhum. E, daqui, reitero: Não saiam! Tomem cuidado! A vacina taí!
“por mais distante, o errante navegante, quem jamais te esqueceria…”
Por mais que vivamos tempos sombrios, ninguém vai nos tirar os sonhos, os desejos. Por isso lá vai meu desejo maior neste 02 de março:
Feliz aniversário, Uberaba! Que todos tenham saúde!
Que todos os doentes se curem! Que todos sejam vacinados.
Que possamos estar juntos novamente, presencialmente!
Feliz aniversário, Uberaba!