Sem lenga-lenga, o espaço sideral, aquele ainda não ocupado pelo homem, será de quem puder pagar por ele. Simples e tenebroso futuro para os pobres que habitam o planeta Terra.
Uma sequência de matérias do Jornal Nacional, edição deste 20 de julho, é basilar:
Primeiro, um grupo de bilionários vai ao espaço. A passagem do mais jovem tripulante custou US$ 28 milhões, ocupando o lugar de “quem não pode ir”. Detalhe a mais para pensar: o dito jovem, com 18 anos, esteve na companhia de outros três, tripulantes, destaque para uma senhora com 82 aninhos. Ou seja, não importa a idade, desde que você tenha grana para pagar.
Segundo tema apresentado pelo jornal. Na Alemanha e na Bélgica (parecendo país pobre da América Latina) enchentes destroem cidades e matam centenas de pessoas. Grande alarde para as mudanças climáticas. Em 80 anos não se via coisa assim na Europa… Aquilo que em todo o mês de janeiro ocupa manchetes brasileiras. O morro que despenca em consequência do avanço imobiliário desenfreado e sem qualquer planejamento, parece, nunca afetou europeus.
Terceira reportagem da sequência, o desmatamento criminoso da Amazônia que levou toneladas de madeira ilegal para o exterior, em ação que foi denunciada por Americanos ante a irregularidade dos documentos da exportação brasileira. Tem um Ministro que, suspeito, abandonou o cargo no eterno imbróglio da política nacional.
Voltando ao motivo que me leva a escrever, denunciar, lamentar nossa triste situação de terráqueos pobres: nesta terça-feira, a viagem espacial foi possível graças ao homem mais rico do mundo, um certo Jeff Bezos, com fortuna estimada na casa dos US$ 200 BILHÕES. A viagem anterior, há dez dias, foi feita por um sujeito que atende pelo nome de Richard Branson que, segundo consta, é o 40º homem mais rico da terra.
Note, caro leitor, a preocupação dos bilionários terráqueos: Em meio a uma pandemia mundial disputam quem vai mais alto, acima dos 70km ou dos 100km aí pra cima (o céu que minha mãe contou, lá quando eu pensava que o ser humano era bom, é bem mais longe…). É óbvio que essas viagens ditas turísticas, que os âncoras do jornal da telinha anunciam orgulhosamente como feito de pioneiros, é uma etapa a mais do longo processo que levará o homem (Rico) a dominar o universo.
Uma singela ironia não pode ser esquecida. O primeiro ser lançado ao espaço, para quem não sabe e para aqueles que recordam, foi a simpática cadelinha russa, a Laika… que morreu por conta de superaquecimento da nave. Vários cães foram lançados ao espaço. Poucos, cinco, voltaram vivos. Depois dos animais, foram os astronautas. Possivelmente, esses notáveis tripulantes não são descendentes de famílias bilionárias, que, cá para nós, não perderiam tempo fazendo testes que, em alguns casos, resultaram em morte. A viagem desta terça-feira foi conduzida por máquinas… Ou seja, esqueça a possibilidade de ser comissário de bordo. É muito caro.
Resumo da ópera: enquanto nos calamos e nos mantemos estáticos, grandes empresas, propriedades desses bilionários, tiram tudo o que podem do planeta. E danem-se os terráqueos, nós, já que eles se preparam para viajar e, lógico, posteriormente ocupar o espaço. Sendo pobres, também é óbvio que não dá pra encarar essa gente. Mas, adepto de D. Quixote, me atrevo a sugerir algo, extraído da página do meu amigo Dema, o Valdemar Jorge. É pouco? Sem dúvidas que é! É pobre? É claro que sim. Mas dá para imaginar o efeito dessas pequenas ações feitas por 7 bilhões de terráqueos?
Obs: ignorei os quebrados desses bilhões de seres humanos, que certamente são
os ricos, poderosos e bilionários.
Um deles, com certeza,
está atrás de um lugar bem tranquilo para guardar o seu cofre.