Páginas viradas

Para Fátima Borges, a Fafa.

Mesmo planejada, a mudança não deixou de ser brusca. Tinha sido uma vida atribulada, feita de oito, dez horas de trabalho diário mais ações paralelas à atividade profissional. Jantares, teatros, noites de festas, domingos no museu. A vida exigia presença, participação e ela gostava muito de tudo isso. Aos poucos foi se cansando mais, querendo uma tranquilidade de há muito desejada. Ignorar relógio, esquecer o calendário para poder olhar para a vida, manhãs de sol, tardes preguiçosas, noites de caminhadas tranquilas e descompromissadas. Estabeleceu data para aposentadoria e prometeu a si mesma que deixaria qualquer atividade por tempo indeterminado. Queria experimentar o não fazer nada. E assim foi.

Perdeu-se a conta de quanto tempo ela permanecera ali, sentada no sofá da sala, a televisão ligada sem que prestasse atenção à novela, ao noticiário. Mantinha o olhar fixo, o semblante sem qualquer reação ante a visão de um prato de requintada culinária, um desastre aéreo, um escândalo político. Resolvida a cumprir a recente promessa não quis ler, escrever, bordar, pintar, nada. “Já trabalhei muito! Agora não faço nada”. Nem mesmo a própria comida, o cuidar da casa, das roupas, das unhas, pele e cabelo.

Com o tempo Teresa percebeu que a televisão era gatilho para o alheamento da patroa. A ajudante de décadas preparava o café da manhã antes de acordá-la. Após o asseio matinal, Maria sentava-se diante de uma fruta, pão, queijo. Café, não. Nem chá, nem leite. Suco. “Quero um tempo para me lembrar quem fui antes de trabalhar ininterruptamente por esses 30 anos”. Pedido de cancelamento do jornal atendido, deixou que vencesse a assinatura de revistas, periódicos. Gostou até de evitar convites para seja lá qual for o evento e foi, aos poucos, também cortando encontros corriqueiros, exceto de grandes amigas e parentes próximos, deixando de receber visitas protocolares de conhecidos, parentes distantes.

Berenice, a sobrinha mais velha, era a única a visitá-la regularmente. “A saúde vai bem? Precisa de alguma coisa?” Teresa não gostava das perguntas feitas à patroa que preferia responder com monossílabos indiferentes à intensa curiosidade da sobrinha. Em dado momento a moça ofereceu um novo celular e, ignorando o desinteresse e atenção da tia, insistiu em atualizá-la quanto à maneira de usar redes sociais, identificar chamadas, medir batimentos cardíacos e as demais maravilhas do recente modelo do aparelho… E orientou a tia até a fazer uma playlist, deixando como exemplo canções da primeira fase da carreira de Chico Buarque. “Eu sei que a senhora gosta. Vou deixar aqui, tocando. Se quiser desligar é só apertar aqui. Não se esqueça de carregar a bateria”. A tia gostava realmente do compositor, ouvindo cada uma das músicas familiares desde a adolescência e sua juventude.

A Rita levou meu sorriso, no sorriso dela meu assunto

Levou junto com ela o que é de direito…

A sobrinha tinha ido embora deixando o aparelho ligado e as canções preencheram aquelas primeiras horas matutinas fazendo histórias virem à tona. Maria recordou um violão quebrado quando soube que um namorado desnaturado, filho da mãe, havia feito serenata para uma zinha qualquer. Sabendo do fato ela foi ao apartamento do sujeito, entrou silenciosa, decidida, e ante um olhar atônito do rapaz, bateu com o violão sobre as teclas de um piano… “Causou perdas e danos!”. A lembrança era boa e Maria sorriu. Algo tão inusitado que realçou o brilho do olhar e ela notou a claridade do dia, o sol batendo forte no terraço. Teresa percebeu mudanças quando trouxe um suco que antecedia o almoço. “Hoje não quero almoçar. O Chico me basta”, sentenciou Maria já nos primeiros acordes de mais uma canção.

Toda gente homenageia, Januária na janela

Até o mar faz maré cheia, pra chegar mais perto dela…

Ela resolveu bisbilhotar a tal playlist e notou que o autor da coisa havia priorizado entre as canções de Chico Buarque aquelas que remetiam a mulheres específicas: Rita, Januária, Bárbara, Ana, Carolina, Cristina, Beatriz, Maria, Rosa, Angélica… Aumentou o volume para espanto da empregada que retornou, rápida e assustada, temendo ter acontecido algo ruim. Maria aproveitou a presença da outra: “Temos vodca e gelo? Coloque nesse suco de laranja, por favor!” Vodca às onze horas! O olhar da mulher ao relógio dispensou a pergunta. Maria insistiu: “Capricha, Teresinha! Por favor! Vou procurar “Teresinha” para te homenagear”.

Vieram com a bebida canções e performances até então desconhecidas de Teresa que, em dado momento, sucumbiu aos convites e passou a bebericar com a patroa. De início tímida, aos poucos foi entrando na sintonia da outra e nem se surpreendeu quando Maria foi ao quarto e voltou vestida apenas com meia arrastão, cinta liga, uma minúscula calcinha vermelha. Teresa recusou mudar de roupa. A outra desligou o celular e ligou o aparelho de som, mais potente, enchendo o início da tarde com o som de CDs, a coleção do compositor que há muito estava abandonada.

Ai se mamãe me pega agora, de anágua e combinação

Será que ela me leva embora, ou não…

Improvisando coreografias, escolhendo canções nos diferentes discos, quando bebericaram a quarta ou sexta dose quebraram de vez a barreira já tênue entre patroa e empregada, Maria convencendo Teresa a dançar como se fosse “Bárbara”, dançando nuas pela sala, a possibilidade de ir além quebrada com sonoras gargalhadas após definição de território: “Olha aqui, Maria, ‘desesperada e nua’, sim, sabendo que ‘serei sua’, não. Eu quero é o Antenor! Gosto muito!” Após muitas risadas, Maria retomou o telefone anunciando uma ideia: “Será que o Juvenal ainda me quer?”.

Juvenal, ex-colega de trabalho, também recém aposentado, vivendo tranquilo com a esposa e tomando conta de netinhos todas as tardes titubeou ao convite de Maria, estranhando a hora, a quarta-feira, a voz esgazeada pelo álcool da amiga por quem morria de tesão e de quem não tinha notícias há meses. “Venha agora, Juvenal. Você ainda me quer, eu sei. Vem agora! Você não tem uma boa desculpa para sair à noite. Então venha ao banco, diz que irá acompanhar um amigo durante exame de vistas, diz alguma coisa, Juvenal! Ou mudo de ideia! Página virada, Juvenal!”.

Encantada e feliz pela repentina e intensa saída de Maria do marasmo de meses, Teresa arrumou rapidamente alguns petiscos, reformou o balde de gelo, verificou a quantidade de bebida no armário e prometeu, sob juras aos deuses e santos, permanecer fechada no quarto de hóspedes até ser chamada de volta. Últimos momentos antes da chegada do amante, Maria despiu-se protegendo o corpo apenas com um roupão leve, esvoaçante e transparente, sentenciando ao término de outra velha canção, da moça que desatinou: “Não vou desatinar, Teresa. Chega! Não sou dessas!”, já colocando outra música, olhando no relógio. “Juvenal que não se atrase!”. As duas ainda voltaram a bebericar e dançar.

Chego a mudar de calçada

Quando aparece uma flor

E dou risada do grande amor…

Chico Buarque e Gal Costa, cúmplices involuntários de Maria, pronunciaram junto com a campainha o último verso de O Samba do Grande Amor:

Mentira!

Maria despachou Teresa para o quarto e, antes de atender a porta, avaliou-se no espelho, abrindo um pouco mais o decote, ajeitando o cabelo. Calma, colocou uma premeditada canção do onipresente Chico também na voz de Gal Costa. Juvenal seria burro demais se não partisse para o objetivo da visita ao ser recebido pela folhetinesca mulher “que só diz sim” sem manhã seguinte, sem qualquer compromisso. Calmo e competente, a escolha de Maria não desapontou, nem diminuiu um mínimo sequer da magia daquela tarde.

O meu amor tem um jeito manso que é só seu

Que me deixa maluca quando me roça a nuca…

Teresa só pode sair do quarto quando o sol estava se pondo, atendendo ao chamado da patroa, novamente sozinha na sala. “Estou faminta!”. E sem dizer mais nada voltou ao silêncio costumeiro, mas com um inconfundível brilho nos olhos. Pura satisfação. Teresa, ainda sob efeito da vodca, não economizou comentários. Contou não esperar jamais ver a patroa em trajes íntimos, quase bêbada, bailarina performática. Tão quietinha! Tão ensimesmada! Quem podia imaginar que, rápida e resolvida, arranjaria um encontro em menos de uma hora? Conclui em dado momento que a razão deveria ser esse Chico Buarque, milagreiro! Quem diria! Que compositor porreta! Maria abandonou o silêncio perante o prato cheio: “Chico é ótimo, Teresa; mas eu sou apenas quietinha. Sabe, eu sou safada; muito safada!”. Rindo muito, cumplices, mergulharam nas delícias de uma boa massa, Chico cantarolando na noite alegre e quente de mais um verão.

Pintar, vestir
Virar uma aguardente
Para a próxima função…

Valdo Resende / 2022

-´-´-´-´-´-´-´-´-´-´-´-´-´-´-

Notas musicais:

Páginas viradas, o título, é expressão usada por Chico Buarque em Folhetim (Chico Buarque, para a Ópera do Malandro – 1979) gravada por Nara Leão, fez enorme sucesso em 1978 na voz de Gal Gosta.

A Rita (1966) – Chico Buarque – é o disco cuja capa virou meme, o Chico sério e sorrindo. Neste disco há outro nome de mulher, Cristina, irmã de Chico homenageada em “Será que Cristina volta”.

Januária (1968) – Chico Buarque – Do terceiro LP do compositor. Deste disco consta “Ela desatinou”, e “Carolina” também mencionadas acima.

Ai, se eles me pegam agora (1979) – Chico Buarque –  a data é de quando foi lançado o álbum com as músicas da peça A ópera do malandro. A canção citada é interpretada pelo grupo As Frenéticas.

O Samba do Grande Amor (1984) – Chico Buarque – O vídeo com Chico e Gal cantando é imperdível. Gal “revira os olhinhos” em momento de puro charme.

O meu amor (1979) – Chico Buarque – Do mesmo disco da Ópera do Malandro, com interpretação de Marieta Severo e Elba Ramalho. A gravação, um ano antes, de Maria Bethânia em dueto com Alcione foi um grande sucesso. Teresinha, a canção também citada acima, foi gravada por Bethânia e, no disco de 1979 tem registro de Zizi Possi.

Na Carreira (1983) – Chico Buarque e Edu Lobo são os autores dessa música para o final de O Grande Circo Místico, criado para o Balé Teatro Guaíra. Na trilha há “Beatriz” e “A história de Lilly Braun”, outras mulheres citadas pelo compositor.

Outras mulheres citadas acima e no cancioneiro de Chico:

Bárbara e Ana (Ana de Amsterdam) são da trilha da peça Calabar, o Elogio da Traição, proibida pela ditadura em 1973. Chico Buarque e Caetano Veloso cantam essas canções no show gravado ao vivo em Salvador, lançado em 1972. 

Maria, está em Olha Maria, do LP Construção (1971) e está também em Anos Dourados, esta em parceria com Tom Jobim, de 1987.

A Rosa, é aquela doida pela Portela, vestida de verde e rosa… há uma gravação genial de Chico em dueto com Djavan.

Angélica, na real, é Zuzu Angel, mãe de Stuart Angel Jones e da jornalista Zuzu Angel. Stuart foi torturado e morto pela ditadura e Zuzu, buscando pelo filho, morreu em duvidoso acidente, em 1976. Chico Buarque, em parceria com Miltinho, do MPB4 gravou Angélica em 1982.

Parem tudo! É o natalício do Chico.

chico2

Quase tudo bem. Um pouco tenso… Sem desconsiderar a realidade peço licença para lembrar que hoje, dia 19, é o dia do natalício do Chico Buarque de Holanda. É bom relembrar razões para homenagear o maior compositor brasileiro. Por aqui já implicaram com a palavra natalício… Bom, não quero saber quantos anos tem a figura, mas lembrar que foi neste dia que ele nasceu. E que ele criou temas para movimentos, passeatas, rebeliões e todos os afetos possíveis.

O CHICO é bom pra recordar grandes amigos! Ouço CHICO BUARQUE e vários seres muito amados emergem em meus pensamentos. Tenho a imensa sorte de ter muitas pessoas pra enviar um “Meu Caro Amigo”, mas nessa noite, a ausência de pessoas que amo cabe nesse “Desencontro”.

A sua lembrança me dói tanto

Eu canto pra ver se espanto esse mal

Mas só sei dizer

Um verso banal…

Volta e meia acontece uma discussão se há poesia em letras de música. Por mais que se afirme que letra de música não é poesia, tem aí o CHICO, com algumas letras provocando inveja aos poetas todos… E se alguns versos do Chico Buarque não forem poesia, pobre poesia que assim sai perdendo um refinado poeta.

Não chore ainda não

Que eu tenho um violão

E nós vamos cantar

Felicidade aqui

Pode passar e ouvir

E se ela for de samba

Há de querer ficar…

Para os mais novos uma informação legal; Chico canta a mulherada em letras memoráveis: “A Rita”, “Carolina”, “Januária”, a “Ana de Amsterdã” e várias outras. E quando o compositor coloca-se no lugar da mulher, compondo no feminino, deixa muito claro o quanto conhece da alma da mulher (talvez por isso ganhe todas!).  Pra não ficar aqui incensando o malandro vou mostrar abaixo como o indivíduo sabe ser corno (e com que classe!):

O meu samba se marcava na cadência dos seus passos

O meu sonho se embalava no carinho dos seus braços

Hoje de teimoso eu passo bem em frente ao seu portão

Pra lembrar que sobra espaço no barraco e no cordão…

Na conturbada história do nosso país, de uma “Roda Viva” implacável a inexorável “Construção” Chico Buarque ensina que tudo “Vai Passar”, “Apesar de Você” e do “Cálice”que, vez em quando, nos é imposto. Algumas letras de Chico soam sempre atuais, seja abordando questões sociais, ou a situação política. Eu fico emocionado, sempre, com “O Meu Guri”, ou com “Gente Humilde”, mas a que mais curto, desse CHICO político, é “Rosa dos Ventos”:

E na gente deu o hábito

De caminhar pelas trevas

De murmurar entre as pregas

De tirar leite das pedras

De ver o tempo correr

Mas, sob o sono dos séculos

Amanheceu o espetáculo…

Tem o Chico autor e compositor do teatro. Lá da peça “Roda Viva” ou só musicando a grande poesia de João Cabral de Melo Neto em “Morte e Vida Severina”. Há também o Chico que sofreu grande prejuízo quando a censura proibiu “Calabar”. Também imprescindível registrar uma grande parceria com Paulo Pontes, além da célebre interpretação de Bibi Ferreira para “Gota D’Água”. De todas as peças do Chico dramaturgo, ou de outras, para as quais escreveu canções, tenho um carinho imenso pela “Os Saltimbancos”; todavia é da “Ópera do Malandro” a música que escolho como representativa desse senhor CHICO teatral:

Oh, pedaço de mim

Oh, metade arrancada de mim

Leva o vulto teu

Que a saudade é o revés de um parto

A saudade é arrumar o quarto

Do filho que já morreu…

chico3

Tem o CHICO do cinema, o CHICO dos grandes balés… Eu fico imaginando “Dona Flor e Seus Dois Maridos” sem a trilha de CHICO, na voz de SIMONE. O filme não seria o mesmo. Assim como citei um exemplo, do cinema, lembro outro, do balé “O Grande Circo Místico” que, além de “Beatriz”, tem a graciosa e divertida “Ciranda da Bailarina” na memorável parceria com Edu Lobo:

Não livra ninguém

Todo mundo tem remela

Quando acorda às seis da matina

Teve escarlatina

Ou tem febre amarela

Só a bailarina que não tem…

A primeira vez que estive bem próximo desse senhor foi numa noite, em São Bernardo do Campo, no Sindicato dos Metalúrgicos quando, penso,  a maioria dos presentes não imaginava um Lula presidente. E CHICO esteve lá, dando força ao Movimento dos Trabalhadores.

Entre seus pares, a elegância de CHICO é sempre elogiada. Esteve sempre distante de pinimbas e muito próximo de compositores, para criar grandes canções. Também é encontrado emprestando sua voz para os discos de diferentes cantores. Homenageou com brilho os músicos do Brasil, em “Paratodos”. Eita,moço fino!

Viva Erasmo, Ben, Roberto

Gil, Hermeto, palmas para

Todos os instrumentistas

Salve Edu, Bituca, Nara

Gal, Bethânia, Rita, Clara

Evoé, jovens à vista…

CHICO BUARQUE é o único compositor que ao escolher uma música lamento por outra, que fica de fora. Mas está na hora de parar. Vou lembrar mais duas razões que somam a inúmeras outras, levando-me a admirá-lo. A primeira, a incrível capacidade de colocar palavras “impensáveis” em uma letra musical; além de grande ousadia, a coisa sai perfeita, seja em “cada paralelepípedo da velha cidade”, ou na fabulosa “assentamento”, que remete a Guimarães Rosa:

Quando eu morrer

Cansado de guerra

Morro de bem

Com a minha terra:

Cana, caqui

Inhame, abóbora

Onde só vento se semeava outrora

Amplidão, nação, sertão sem fim

Ó Manuel, Miguilim

Vamos embora.

Perdoem o palavrão, mas um cara que coloca inhame, abóbora, em uma letra, e essa fica linda, merece:- Ô, filho de uma puta!Vai ser bom assim no inferno!

A segunda, para concluir. Nos meus delírios, ante algumas perdas, é uma canção de CHICO, em parceria com Cristóvão Bastos, que me acalenta a alma, me enche de esperança. Creio na vida além da morte e, para aqueles amados que se foram canto sempre:

Depois de te perder

Te encontro, com certeza

Talvez num tempo da delicadeza

Onde não diremos nada

Nada aconteceu

Apenas seguirei, como encantado

Ao lado teu.

Sem tristezas. Vamos preparar uma festa neste dia 19, nem que seja um singelo e particular brinde. É aniversário de CHICO BUARQUE. O cara que escreve livros, compõe para teatro, cinema; canta amores, grandes dores, alegrias, faz galhofas, é o dono da bola no seu Politheama e tem a admiração de todos os grandes compositores contemporâneos, suas canções gravadas pelos maiores intérpretes brasileiros.

Ave, Chico! Meu compositor preferido e mais querido, você bem que podia ter nascido no dia 18…

.

Até!

.

“Notas Musicais” :

as músicas citadas, respectivamente, são:

Desencontro – Chico Buarque e Toquinho

Olé, Olá – Chico Buarque

Quem te viu, Quem Te Vê – Chico Buarque

Rosa-dos-ventos – Chico Buarque

Pedaço de Mim – Chico Buarque

Ciranda da Bailarina – Edu Lobo e Chico Buarque

Paratodos – Chico Buarque

Assentamento – Chico Buarque

Todo o Sentimento – Cristóvão Bastos e Chico Buarque