Se eu fosse político estaria rico. Não sou e pouco entendo dessa “profissão”, mas certos fatos merecem comentários. Era uma vez… Uma presidenta prometeu dar a luz para o seu povo. Não; a presidenta não estava grávida; já havia passado da idade. E não era uma luz assim, metafórica, tipo a luz do conhecimento através de melhoras consideráveis na educação; nem era a luz divina, porque a presidenta, ocupada em presidir, pouco aparece em igrejas. Tratava-se de, concretamente, um desconto nas contas de luz do povo brasileiro.
Melhor que desconto casual, a presidenta anunciou uma redução nas contas de luz. No país de tantas e tão altas tarifas, todo e qualquer desconto, ou redução, são aclamados com festa. Naqueles dias, quando foi anunciada a boa nova, acusaram a presidenta de golpe político. Ela estaria interessada em garantir algumas prefeituras para seu partido. Golpe ou não, a palavra foi dada e entre outras vitórias, o partido da presidenta levou a prefeitura da capital paulista, o que é um sinal luminoso para ser alardeado por qualquer partido.
Se eu fosse político… Não sou, mas fico tão irritado com certas jogadas! Passado o tempo, eleições finalizadas, volta o segundo capítulo do que, agora, será uma novela e tanto: duas companhias energéticas poderosas – a Cemig, lá da minha terrinha e a Cesp, aqui de São Paulo – resolveram jogar sombras sobre a presidenta. Através de recusas de concessões e outras negociatas que eu, leigo, pouco entendo, as tais empresas conseguiram minar a promessa da presidenta. Dos 20,2% prometidos, caiu-se para 16,7% e, para o consumidor final – NÓS! – algo em torno de meros 10%.
Chamem a Carminha, diriam alguns, que esta novela está um saco! Um saco escuro e tenebroso que carece de luz, muita luz. Parece que quem constrói usinas são os governos, que por trâmites vários estabelecem parcerias, concessões para efetivar as construções. Esse aspecto daria uns bons capítulos; é só lembrar a história de Itaipu, Sobradinho e, agora, estamos presenciando os embates para a construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.
Outro aspecto da luz, que começa na usina, bancada por governos, com o dinheiro dos impostos que pagamos, diz respeito à distribuição da energia. Isso é um NOVELÃO! Há, então, outras empresas, criadas só para trazer a energia da usina até o município interessado… Ou seja, uma segunda empresa para cobrar dos governos para que chegue às cidades a energia gerada com dinheiro do governo, ou seja, nosso.
Uma terceira empresa chega aqui em minha casa. A conta de luz não é da CESP – Companhia Energética de São Paulo, mas da AES Eletropaulo (Eletropaulo Metropolitana Eletricidade de São Paulo S. A.). Ou seja, mais uma estrutura empresarial para lucrar com o dinheiro nosso do altíssimo imposto que pagamos. Ah, é bom contar os intermediários que recebem o pagamento de nossas contas mensais de luz e que, para fazer isso, levam outro tanto, tipo bancos, casas lotéricas, agências de correio, supermercados…
Vamos nortear o enredo da novela? Era uma vez uma presidenta que prometeu desconto na conta de luz. Seus opositores resolveram minar a idéia. Assim, o governo (nesse aspecto, o estadual) + a concessionária + mais a distribuidora regional + mais distribuidora local + mais os agentes recebedores estão retendo para benefício próprio o que foi prometido para benefício da população. A parte que não será reduzida para o povo engordará as contas dessa gente toda.
O que é que sobra, nessa novela? Lembrando e parafraseando a Ópera do Malandro, de Chico Buarque de Holanda, sobra o pai berrando para o filho adolescente apagar a luz; a mãe implicando com a empregada para que esta não use os eletrodomésticos e, da rede que realmente fica com a grana, o máximo que pode rolar por parte do cidadão comum é brigar com a atendente da casa lotérica por conta da enorme fila.

Eu nunca tive 20% de aumento de salário. Se fosse político… Como a maioria do povo brasileiro não é, portanto também não recebe benefícios astronômicos. Quero os 20% prometidos para redução na minha conta de luz. Entendo que se há a possibilidade de reduzir essa conta, o mesmo poderá ocorrer com outras taxas e impostos. Essa novela ainda vai ser longa e nem sempre o bem vence, quando o tema é a realidade brasileira, mas não custa tentar; vale ficar atento e, se possível, pressionar! Quem vai nessa?
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Luz para todos!
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Publicado em: 5 de dezembro de 2012 às 23:26