Tai um apagão ideal. Um domingo inteiro quase sem energia elétrica. Quase, pois duas coisas funcionaram em meu apartamento neste domingo: o chuveiro e uma lâmpada, do hall, ambos ligados nos 220 volts. Tudo o mais, 110 volts, esteve apagado. Sem sinal nenhum. Fiz o roteiro habitual de um acidente do tipo em uma tarde de domingo: fui até ao apartamento da síndica, depois veio o porteiro, tentativas de chamar o eletricista – que devia estar vendo futebol – e… Seguir a vida, aguardando a segunda-feira.
Volta e meia sonho com um apagão geral. E o de hoje veio na medida do meu sonho já que não quero hospitais com problemas na UTI e não apetece uma humanidade com cheiro de ontem. O barato do apagão é estar sem tv, sem computador, sem qualquer aparelho sonoro e até sem telefone fixo, já que dependo de energia elétrica para que o “fixo” funcione. Para completar o apagão ideal meu aparelho celular, com bateria carregada, permitiu-me a possibilidade de estar vagamente conectado ao mundo.
Sem nada para ligar, toca a soltar a imaginação. Um mundo só com a energia essencial. Olhar para si e para os que estão à nossa volta e conviver. Sinto uma superficialidade gigante pairando por aí e tento visualizar como as pessoas viveriam em almoços sem música alta, tardes sem futebol, noites sem computador. Sem o Facebook, onde estão os amigos para uma tarde harmoniosa e feliz? Sem o Fausto Silva – e suas piadas preconceituosas sobre sogras – como passar um final de domingo sem tv, ao lago da sogra?
Não seria coerente, para quem escreveu na sexta-feira sobre a imensidão do universo e, a insignificância de algumas questões humanas, sofrer um ataque histérico por conta da falta parcial de luz. Aí, passei a tarde toda tentando equilibrar-me entre a calma e a raiva. Para ser honesto, ameacei uns “pitis”, tive ímpetos assassinos contra não sei quem e, óbvio, em absoluta sensação de autocomiseração fiz a pergunta óbvia, no mais típico estilo novelão mexicano: – Por que eu, meu Deus, por quê?
Vamos ao lado bom da coisa: Nada de pânico quando a gente fica sem luz, tendo saído da cama às três da tarde… Nem carece de irritação se há chuveiro quentinho para um banho confortável. Jamais estragar o paladar ante a promessa de um “curry” para começo da noite, presente de aniversário oferecido pela minha amiga Cris. Foi uma tarde deliciosa com Cris, Octavio, Lisa, Flávio e Mariko e, antes, ainda tive um papo gostoso, intenso, com Marcinha, a minha amiga querida de lá, do Rio de Janeiro. Terminei a noite em um café na Paulista.
Última etapa do teste, enfrentar o final da noite, início da madrugada com uma luz acesa em todo o apartamento. Para muitos pode ser a etapa mais difícil; durante o dia, convivendo com as pessoas, há o comum jogo de culpas, confirmando-se a expressão comum que diz “que inferno são os outros”. Na calada da noite enfrentamos nossos próprios demônios, nossos reais problemas e corremos o risco de, em não encontrando saídas, beirar ao desespero. Este teste ficou para depois.
Voltando da rua, já pensando no que fazer até o sono chegar, estranhamente encontrei todas as luzes acesas. Sei lá o que rolou, manterei o chamado ao eletricista. Todavia, já esquecido dos males do apagão vespertino, liguei de imediato a tv para ver João Bosco no “Prêmio da Música Brasileira”; então liguei tudo! O som, o computador, o microondas, permitindo-me uma pequena orgia com todos os meus eletrodomésticos. Que escuridão, que nada! A semana está apenas começando e eu, além dessa luz que pregam os místicos, desejo uma semana plena de energia elétrica para todo mundo.
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Até mais!
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Pena que eu não estava aí, pra tomar esse café com vc, na Paulista… hehehe. Bjs
Um privilégio ter amigos como vocês!!!! rs… beijos!!!
Só vc pra transformar um apagão em um post tão inspirado!!! Beijoooos!