Na estica à beira-mar

Com frio ou calor, chuva ou sol, esse mineiro que vos escreve, morando em Santos, caminha cotidianamente pela orla atlântica. Invariavelmente esse passeio é feito sobre a calçada que limita jardim e praia. São sete quilômetros de jardim, praia e mar. Obviamente que não caminho tanto assim. Vou um cadiquim para cá, um cadiquim para lá, sento-me para ver navios, distraído em alguns momentos por pássaros e gente.

Não sei nadar. “Como assim?” já ouvi muitas vezes. Presumo com certeza não ser o único a dominar tal coisa, mas invariavelmente informo ser de Minas Gerais. Talvez por isso, pelo menos por enquanto, meus joelhos continuam virgens da água marinha. E vivo bem sem nadar. Sei andar, corro, já dancei muito, mas nadar… não nado. E tenho a quem puxar.

Ulysses e Bino

Este rapaz elegante, de terno claro, é o Bino, meu pai. Esteve assim aqui em Santos, lá pela primeira metade do século passado, antes de eu ter nascido. Veio em visita aos meus tios que, vindos de Portugal, moravam por aqui. Este, ao lado do meu pai, é o Tio Ulysses, casado com Isaura, irmã caçula de minha mãe. Tenho vaga lembrança de terem morado na Praia José Menino.

Sou capaz de apostar que nenhum santista viu as pernocas do meu pai. Nem os cariocas, pois quando papai visitava o Rio de Janeiro – uma dessas viagens me lembro bem – era nessa “estica” que ele caminhava por Copacabana e outras praias mais.

Não tenho nenhuma informação de meu pai tomando banho em lagos ou rios. E, todo mundo sabe, rio é o que não falta em Minas Gerais. Todavia, em um aspecto saí a meu pai. Nem rio, nem lago, nem mar, nem piscina. Chuveiro a gente gosta. Muito! Quanto a mares, rios e lagos, que fiquem lá com todo o respeito e cuidado que merecem. Gente como nós se contenta em olhar, sentir o cheiro, a brisa.

Poderia estender esse texto com mil razões, outro tanto de conjecturas sobre tal situação. Bobagem. Ou então que fique para outra hora. Só me incomoda quando alguém vem questionar por que vou de meias e sandálias nas caminhadas à beira-mar. Vou como quero, mas como nem tudo é tão rígido, celebro alguns avanços: tenho feito caminhadas molhando os pés naquele ponto em que as ondas se desmancham na areia. Às vezes, chegam até as canelas e até já chegaram bem próximas do joelho. Chupa, Michael Phelps!

Outro dia fiquei presenciando uma ressaca, admirando vários surfistas em ação. Deslizando sobre as ondas como seres mágicos, alguns terminando o trajeto me lembrando Charles Chaplin nas trapalhadas de Carlitos. Nesse mesmo dia um morador da praia – já percebi que há vários por aqui – foi resolutamente bêbado caminhando em direção ao mar. Passos trôpegos, transferi a preocupação para os companheiros do sujeito em caso de afogamento e fiquei observando. Ele caminhou até a água ir acima da cintura, pulando ondas e, de repente, retornando o corpo em viravoltas desconexas junto a uma onda mais forte. Levantou-se como se fosse um herói olímpico, gritou obscenidades para os colegas e retornou, calmamente, para o local de origem.

Naquele dia deixei surfistas, moradores e, como tenho feito, voltei para casa, sequinho, sequinho. Com certeza nadar deve ser muito bom. Mas, além de ser filho do Bino, não tenho pressa. Estou morando por aqui há tão pouco tempo! Quem sabe, em algum momento, eu não venha narrar algumas braçadas celebrando um dia de sol no mar?

Até mais!

Rio de Janeiro – Contingências Antropofágicas

Começa amanhã, no CCBB-RJ, a etapa do Seminário Contingências Antropofágicas, refletindo e comemorando o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922. Presencial e gratuito, veja abaixo a programação e os convidados participantes.

Dia 11 Denise Mattar e Priscila Figueiredo

Dia 12 Carolina Casarin e Frederico Coelho

Dia 13, Agnaldo Farias e Marcelo Campos

Todos estão convidados!

Outras viagens

BANZO

Diante desse marzão que assusta
Com seus mistérios e movimentos constantes,
ondas incertas sob sol escaldante
penso nas montanhas de Minas
nos chapadões da minha terra.
Não sendo daqui, sabendo que não voltarei para lá
sinto-me estrangeiro em todo canto
e trago constantemente na bagagem
Um pouco de tristeza, nostalgia e saudade.

Recife, verão de 2014

QUARTO DE HOTEL

Agora, quando distante de tudo
Abro janelas para além do espaço,
Portas para outros tempos.

Parece que há sons juvenis
Sombras esguias, fôlegos intensos
Cheiros que se esvaem no calor noturno.

Ecos de determinação, vontade férrea
Batalhas contra o estabelecido
Certeza do ser predestinado.

Penso nesse ser cada vez mais distante
Reconstruído em lembranças.
Restaram abismos intransponíveis
Distâncias colossais…

Longe era o tempo que faltava pra ser grande
Longe eram quilômetros entre cidades
Longe era o futuro que agora me afronta
Mostrando o fim do qual busco afastar-me.

Apenas uma noite.
Uma longa noite de calor insuportável.
Distante da casa onde raramente abro janelas.

Rio de Janeiro, novembro/2013

Lamento Piraquara

paraiba do sul para blog
Detalhe do Rio Paraíba do Sul, próximo da divisa de Cruzeiro com Lavrinhas.

As necessidades de conservação e preservação do meio ambiente estão presentes em todas as atividades do Projeto Arte na Comunidade. De nada valeria resgatar aspectos históricos, valorizar hábitos regionais e manifestações folclóricas ficando fora a atenção e os cuidados devidos para com o ambiente em que vivemos.

O Rio Paraíba do Sul recebe merecido destaque nesta edição do Arte na Comunidade. Com mais de mil quilômetros de extensão, o Rio Paraíba banha os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. O rio, situado em área densamente povoada, é muito poluído e carece de cuidados imensos de todos os setores – prefeituras, indústrias – e, também da população regional.

“Lamento Piraquara” é uma das músicas presentes nas montagens apresentadas nas escolas dos municípios de Cruzeiro, Lavrinhas e Queluz. Piraquara é o nome que se dá às populações ribeirinhas do Paraíba do Sul. A pesca está longe de ser o que foi e é preciso muita atenção para evitar piorar a situação.

origami para blog
Crianças fazem origami em apresentação do Arte na Comunidade 4. Nossos rios carecem de cuidados.

Uma simples campanha está sendo sugerida aos alunos das escolas municipais das cidades visitadas. Os atores do Arte na Comunidade 4 fazem um peixe através de origami, ensinam e pedem às crianças a seguinte ação: quando presenciarem alguém sujando o rio, deverão fazer um peixe, entregando-o ao indivíduo, alertando o mesmo para os cuidados que se deve ter para com nossos rios.

As crianças fazem a dobradura e aprendem a música de Flávio Monteiro e Valdo Resende. Veja a letra abaixo que lembra vários tipos de peixe presentes na bacia do Paraíba do Sul e conclui reverenciando os mais importantes rios brasileiros.

LAMENTO PIRAQUARA

Cadê tilápia, traíra? 

Onde tem tucunaré?

Piabuçu nunca vi!

Nem jundiá, nem mandi!

Limpe a água, limpe o rio

Piraquara quer pescar

Pra onde foi surubim?

Piau-palhaço vai voltar?

Não vejo mais lambari

Piabanha onde é que tá?

Limpe a água limpe o rio

Piraquara quer pescar

Bagre-guri tem ali?

Ximboré, curimbatá?

Corvina do outro lado?

Dourado veio pra ficar!?

Limpe a água limpe o rio

Piraquara quer pescar

Paraíba, Rio Doce,

Amazonas, Paraná

São Francisco, Beberibe,

Araguaia, Japurá,

Rio Madeira, Tietê,

Rio Purus, Juruá,

Tocantins, Solimões,

Brasileiro quer pescar!

Limpe a água limpe o rio

Brasileiro quer pescar

 

Até mais!

Obras de arte, vibradores e skank

Convite, por ocasião da entrega do quadro de Portinari ao MNBA
Convite, por ocasião da entrega do quadro de Portinari ao MNBA

 

O país segue em frente, mesmo em tempos de Copa do Mundo. Dois exemplos contundentes: as eleições, aonde o “café com leite” vem com tudo e algumas ações da Receita Federal garantindo tributos devidos aos cofres públicos. “Café com leite”, para os mais jovens, é quando os estados de São Paulo e Minas aliam-se em propósitos políticos. Aécio, de Minas, e Aloysio, paulista de São José do Rio Preto tentarão o lugar de Dilma. Já tributos, quando não pagos, é assunto para a Receita Federal.

A vida de um agente da Receita Federal fica distante do árido discurso político e, me parece, ser bem excitante. É bem verdade que sobram muambas paraguaias no cotidiano desses profissionais; a frequência é tanta que deve ser rotina apreender bebidas, roupas, perfumes e cacarecos para consumo ordinário. Já obras de arte…

O Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, receberá em doação várias obras de arte apreendidas pela Receita Federal. Avaliadas em R$ 10 milhões, as obras são de autoria de artistas nacionais (Cildo Meireles, Jorge Guinle, Daniel Senise, Beatriz Milhazes) e internacionais (Niki de Saint-Phalle e Michelangelo Pistoletto)e em breve estarão expostas para todo o público. Não é esta a primeira doação deste tipo que o museu recebe. Já tive a oportunidade de visitá-lo e conheci, lá, uma obra de Portinari, “Caçador de Passarinho” que foi apreendida e doada ao Belas Artes em 2006.

Ao ler a boa notícia – penso que grandes obras de arte devem permanecer em espaços públicos – deparei-me com outra; a inusitada apreensão de cem vibradores e outros duzentos massageadores eróticos em Foz do Iguaçu, no Paraná. O material estava com um cidadão que embarcava para Fortaleza. Fico imaginando a situação: o agente abre a mala, depara-se com dezenas de vibradores e encara o cearense, cabra macho, e indaga: – É para uso pessoal, senhor?

Animado pelo flagra erótico voltei para mais notícias do setor. Estão lá outras apreensões inusitadas: 160kg de cabelos, sete jatos de luxo, mil réplicas da Taça Fifa (Santo Deus, vários países brigando por uma quando há milhares por aí…) e, entre todas as apreensões, aquela que levou-me a abrir o link: “Receita apreende skank no aeroporto do Galeão”.

Será que a Receita Federal confundiu o grupo mineiro com droga? Pensaram que o vocalista Samuel tenha sido o responsável pelo tráfico dos 160 kg de cabelos? A banda também seria responsável pelas mil réplicas da taça, buscando lançar um novo hit tipo “É uma partida de futebol”?

O bom de certas notícias é não ir direto, desvendando o mistério. Há certo prazer em saborear possibilidades, buscando as causas para tal situação. Se a polícia confundiu a banda mineira Skank com droga, como deixaram de fora a Jota Quest? E seria um absurdo prender o Samuel e deixar o Dinho falando merda no programa dominical da Globo. Será que a manchete estaria errada?

A Skank apreendida pela Receita Federal é uma “supermaconha, cultivada em laboratório, também conhecida como skunk”… Hein? Ufa! Entendi. Então percebi nunca ter buscado a origem da Skank, nem ligado isso ao fato da banda tentar, como está no site oficial, “transportar o clima do dancehall jamaicano para a tradição pop brasileira”. Jamaica? Entendi. Acho…

Enfim, o país caminha com eleições e ações diversas de todos os setores. Mais que impostos retidos na fonte, mordidas do leão, na importante Secretaria há skank, obras de arte, jatos, cabelos, vibradores e, para quem tem, anualmente encontramos a notícia de restituição do IR. Bons e divertidos motivos para ficar atento às ações da Receita Federal.

Até mais!

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O Machado que não é de Assis

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Parece familiar a denominação Largo do Machado. O noticiário ou folhetos de agências de turismo citam o local onde há uma estação do metrô e também um serviço que leva os interessados ao Corcovado. Gostei de estar hospedado nas imediações do Largo que parece praça antiga de cidade pequena, embora paire no ambiente o inequívoco espírito carioca.

Os finais de semana do Largo do Machado me pareceram tranquilos. As árvores frondosas favorecem a permanência de pessoas desfrutando bons momentos; a maioria é gente da terceira idade que pratica ginástica em aparelhos específicos. Há outro tanto de gente que ocupa mesas jogando cartas, jogando conversa fora em atitudes bem pacatas.

Não sendo do Rio de Janeiro fiquei associando o Machado do Largo ao Machado de Assis. Noite de sábado, algumas horas de lazer, saí com amigos de cá e de lá para comemorar a alegria de viver (Leia-se “muitos chopes!”). Antes de chegar ao bar passamos por uma praça menor, com a estátua de um sujeito sentado sobre uma cadeira, tipo escritor: Bingo! Machado de Assis! Distraído com a boa companhia nem percebi que estávamos a dois quarteirões do Largo do Machado e que seria, no mínimo, incoerente ter uma praça homenageando o escritor e o monumento em outra…

Passei novamente pelo Largo do Machado. Fiz algumas fotos, priorizando a estátua e a igreja de Nossa Senhora da Glória. Olhando as senhorinhas frequentadoras do local brinquei de imaginar que entre elas estaria alguma descendente de Capitu e, com preguiça de ir até a outra praça, não fotografei o “Machado sentado”.

Largo do Machado Rio de Janeiro

Há pouco fiz descobertas embaraçosas… Para começar, o simpático Largo é Machado por conta de certo “André Nogueira Machado”, um oleiro que morou por ali. E não é só; também descobri que a estátua da praça ao lado é de José de Alencar, que por sinal dá nome ao local. Pior: tendo passado várias vezes pelo Engenho Novo, não me passou pela cabeça, nem por um momento, que fica naquele bairro a casa construída por Dom Casmurro… Que “grande conhecedor” de literatura e do Rio de Janeiro que sou!

Bem, continuo gostando do local. Lamento pelo oleiro, mas Machado será sempre o de Assis. Quem sabe um dia eu possa estar entre os velhinhos frequentadores do Largo, jogando cartas, brincando com a humanidade. Se isso acontecer e aparecer um mineiro radicado em Sampa que pensa que conhece o Rio, contarei ao dito cujo muitas histórias de Capitu passeando pelas imediações, sentando-se no mesmo banco que Helena, Iaiá Garcia e indicando ao incauto a estátua de Machado, na pracinha ao lado…

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Boa semana para todos!

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A Casa Daros

Detalhe da fachada da Casa Daros, com a imagem no frontão, recriada por Vick Muniz
Detalhe da fachada da Casa Daros, com a imagem no frontão, recriada por Vick Muniz (abaixo)

Do que vi no Rio de Janeiro, nessas férias, é imprescindível registrar a Casa Daros, um espaço dedicado a arte contemporânea produzida e em processo de criação por artistas da América do Sul. O local abriga cerca de 1.200 obras de mais de uma centena de artistas, parte da coleção de uma milionária suíça, Ruth Schmidheiny, que criou a Daros Latinamerica, com sede em Zurique.

Orientada para a arte, a educação e a comunicação, a Casa Daros funciona em um antigo prédio que pertenceu à Santa Casa de Misericórdia. A restauração e adequação do antigo local à nova função são aspectos notáveis. O processo, iniciado em 2006, só foi concluído recentemente e durante toda a restauração foram priorizados os elementos que compatibilizam o antigo e o moderno.

Nossa Senhora das Graças em imagem criada por  Vick Muniz
Nossa Senhora das Graças em imagem criada por Vick Muniz

Antes da inauguração oficial, em 23 de março de 2013, diferentes cursos e oficinas artísticas foram realizados. Quero destacar duas ações: a primeira é o trabalho de fotografia, uma parceria entre a Casa Daros e a Escola de Fotógrafos Populares da Maré. Um grupo de oito profissionais formados na escola da Maré, discípulos de João Roberto Ripper, fotografou todo o processo de restauração durante seis anos. O resultado é impressionante, evidenciando a metamorfose pela qual o edifício voltou a ser o que era enquanto agregava-se nova função.

O segundo destaque, durante o processo de restauração, é a obra proposta e realizada por Vik Muniz com objetos descartados na reconstrução. O artista decidiu pela criação da imagem de Nossa Senhora das Graças, a mesma que está no frontão do prédio; a construção teve a participação dos funcionários que trabalharam no local em 2008. O resultado é extraordinariamente belo. Além da reprodução fotográfica da obra, todas as etapas de criação da mesma podem ser vistas com imagem corrida, em vídeo, no próprio local.

“Cantos, Cuentos Colombianos” é a principal exposição de arte contemporânea colombiana em cartaz na Casa Daros. O curador Hans-Michael Herzog reuniu dez artistas (Veja relação abaixo) e justifica sua escolha pelo pouco que sabemos da arte colombiana. Sabemos muito dos problemas colombianos e pouco dos artistas do país. A exposição vale, sobretudo por trazer à tona a sensibilidade refinada via consciência social. A arte colombiana denuncia a realidade, critica e busca razões para justificar o ato de viver.

Detalhes das obras citadas. Exposição Cantos, Cuentos Colombianos.
Detalhes das obras citadas. Exposição Cantos, Cuentos Colombianos.

É marcante a participação de José Alejandro Restrepo com uma instalação audiovisual com cachos de bananas e monitores. “Musa paradisíaca” traz cheiros tropicais e imagens silenciosas, contundentes. Outra obra perturbadora, referência direta à guerra do narcotráfico, é a série “David”, de Miguel Ángel Rojas, feita com imagens de um soldado mutilado por uma mina. Outro artista, Nadín Ospina, brinca com imagens arqueológicas alteradas por, segundo o próprio artista, um discurso de identidade. Imagens pré-colombianas têm a aparência  de Bart Simpson, de personagens de Walt Disney, destilando por si uma refinada ironia.

A exposição sobre a Colômbia fica em cartaz até o dia 8 de setembro de 2013. Indo ao Rio de Janeiro é passeio fundamental. A Casa Daros cumpre um papel importante que é nos propiciar conhecimento sobre nós mesmos através de um mergulho profundo na arte da América do Sul. Há muito mais para conhecer sobre a instituição e um começo pode ser clicando aqui; no mais é ficar alerta e aguardar os próximos eventos da instituição cuja postura e método devem ser estudados e difundidos.

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Até mais!

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Notas

Artistas participantes da  exposição sobre a Colômbia: Doris Salcedo, Fernando Arias, José Alejandro Restrepo, Juan Manuel Echavarría, María Fernanda Cardoso, Miguel Ángel Rojas, Nadín Ospina, Oscar Muñoz, Oswaldo Macià e Rosemberg Sandoval.

As fotos das obras acima são do material de divulgação da própria Casa Daros.

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