
BANZO
Diante desse marzão que assusta
Com seus mistérios e movimentos constantes,
ondas incertas sob sol escaldante
penso nas montanhas de Minas
nos chapadões da minha terra.
Não sendo daqui, sabendo que não voltarei para lá
sinto-me estrangeiro em todo canto
e trago constantemente na bagagem
Um pouco de tristeza, nostalgia e saudade.
Recife, verão de 2014
QUARTO DE HOTEL
Agora, quando distante de tudo
Abro janelas para além do espaço,
Portas para outros tempos.
Parece que há sons juvenis
Sombras esguias, fôlegos intensos
Cheiros que se esvaem no calor noturno.
Ecos de determinação, vontade férrea
Batalhas contra o estabelecido
Certeza do ser predestinado.
Penso nesse ser cada vez mais distante
Reconstruído em lembranças.
Restaram abismos intransponíveis
Distâncias colossais…
Longe era o tempo que faltava pra ser grande
Longe eram quilômetros entre cidades
Longe era o futuro que agora me afronta
Mostrando o fim do qual busco afastar-me.
Apenas uma noite.
Uma longa noite de calor insuportável.
Distante da casa onde raramente abro janelas.
Rio de Janeiro, novembro/2013