Diante desse marzão que assusta Com seus mistérios e movimentos constantes, ondas incertas sob sol escaldante penso nas montanhas de Minas nos chapadões da minha terra. Não sendo daqui, sabendo que não voltarei para lá sinto-me estrangeiro em todo canto e trago constantemente na bagagem Um pouco de tristeza, nostalgia e saudade.
Recife, verão de 2014
QUARTO DE HOTEL
Agora, quando distante de tudo Abro janelas para além do espaço, Portas para outros tempos.
Parece que há sons juvenis Sombras esguias, fôlegos intensos Cheiros que se esvaem no calor noturno.
Ecos de determinação, vontade férrea Batalhas contra o estabelecido Certeza do ser predestinado.
Penso nesse ser cada vez mais distante Reconstruído em lembranças. Restaram abismos intransponíveis Distâncias colossais…
Longe era o tempo que faltava pra ser grande Longe eram quilômetros entre cidades Longe era o futuro que agora me afronta Mostrando o fim do qual busco afastar-me.
Apenas uma noite. Uma longa noite de calor insuportável. Distante da casa onde raramente abro janelas.
São Francisco, de Cimabue, em trabalho recriado por João Gilberto Falioni
Um dia estive em Assis. Queria conhecer a cidade do Santo, que conheci melhor e passei a amar depois de ver Irmão Sol, Irmã Lua, o filme de Zeffirelli. É encantadora a história do jovem que renega os bens (Abaixo o capitalismo!) e abandona o conforto da casa paterna para cuidar dos mais necessitados (de forma similar ao Pe. Lancellotti). Que bom perceber que há “Franciscos” por aí!
No inverno italiano o bicho pega e só por isso recusamos visitar a Ilha de Capri. Água e chuva… Melhor seria ir atrás do sonho e conhecer a cidade do santo. Uma pequena aventura! Por conta do frio as excursões para Assis estavam suspensas e minha irmã Walcenis fazendo a linha “um brasileiro não desiste nunca” decidiu que iríamos de trem. – Qual o problema?
Que tal começar pela Stazione Termini, uma das maiores da Europa? “Íntimos” da cidade, tomamos o TRAM, tipo metrô de superfície, em seguida o metrô que nos deixou na Termini. Acostumados com as pequenas estações da Ferrovia Mogiana, nossa principal referência de viagens de trem, o primeiro susto veio com a quantidade de bilheterias. Se você não pegar uma senha, ninguém te responde e um italiano com frio, talvez por isso com humor gelado, indicou-nos, literalmente, qualquer uma entre as bilheterias. Ok! Solícito, um bilheteiro falou com a velocidade de uma metralhadora giratória. O trem estava de saída, era o único e a plataforma era… Algo para ser descoberto entre 32 plataformas!! Ah! Teríamos uma baldeação em Bérgamo.
Poxa, lá em Uberaba temos uma plataforma. São quatro na nossa querida estação da Luz, aqui em São Paulo. Aquelas centenas de plaquinhas, com dezenas de horários e destinos em cada uma delas, a gente com Assis na cabeça, mas procurando Bérgamo, onde tomaríamos outro trem para nosso destino. Tudo falado entre nós como se estivéssemos em casa! Vamos pegar qualquer fila, atravessar as roletas, sair atrás do trem, vamos perder essa merda… – Eu sei qual a estação. Mostro para vocês, disse uma brasileira sobre quem nada sabemos. Não deu tempo, exceto de agradecer.
Qual trem tomamos? Não sei. Qual o destino desse trem? Quem se importa, desde que ele nos deixasse, como o fez, em Bérgamo? A baldeação foi rápida e, no segundo trem rumo ao nosso destino estava uma australiana. Eu já era rabugento, do tipo não gosto de conversar com estranhos. Walcenis deu papo para, em seguida, ameaçar um bate-boca quando a moça, daqui pra frente nomeada imbecil ignorante disse não saber nada sobre o Brasil. O que é? Onde fica? O que você faz, senão rir, quando uma brasileira irada, minha irmã, resolve mostrar amor pela pátria frente à turista imbecil…
A Toscana é uma região linda até sob intenso frio. A estação de trens fica longe da cidadezinha e, mais um micro-ônibus que – Santa Clara! – começa a caminhar sob chuva. Sob chuva fina, fria, chegamos na cidade que, lamento a comparação, é uma Aparecida do Norte medieval. Ou seja, alguma religião e muito comércio. Todavia, graças a esse fomos atrás de um guarda-chuva. Outra brasileira no pedaço, daquele tipo que viaja para comprar coisas… – Há uma loja ali com preços melhores, nos informou com uma imagem do santo em mãos.
O túmulo de Francisco, circundado pelos túmulos de seus primeiros companheiros de Ordem.
Lembro um antigo templo grego tornado igreja – Santa Maria sopra Minerva – e depois um teatro, com o mesmo nome da praça, “Comune”. A casa onde morou São Francisco, cheia de histórias, precedeu nossa chegada à Basílica de Santa Clara. A santinha não, falhou:
Santa Clara, clareai
São Domingo alumiai
Sai chuva, vem sol
Sai chuva, vem sol…
As clarissas, freiras enclausuradas, herdeiras da missão de Clara, amiga pessoal de Francisco, são silenciosas, delicadas. O corpo da Santa está exposto em urna de vidro em área central da igreja, construída em 1257, com simplicidade que remete ao que ambos os santos pregaram. Ao fundo está a clausura e lá se tem contato com as irmãs, com seus pesados hábitos de inverno. Caminhando lentamente se aproximam perguntando apenas o país de origem do visitante para, em seguida, voltar ao fundo da sala para buscar lembranças gratuitas: “santinhos” impressos na língua do visitante. A tal brasileira, a das compras, estava lá. E perguntou para uma das donas da casa: – Quem é aquela ali na urna?
A Basílica de São Francisco, com duas naves sobrepostas, impressiona bastante. Gosto de pensar que a pintura de Cimabue retrata o santo com “fidelidade” e procurei trazer o máximo possível das imagens de Giotto contando passagens da vida de São Francisco. Contudo, nada impressionou mais que a visita à cripta do grande prédio onde está a tumba do santo e mais, outros quatro túmulos de amigos, primeiros franciscanos: Rufino, Angelo, Masseo e Leone. É poético, mais que qualquer coisa. E talvez por fixar ali os ideais do criador e dos primeiros seguidores da Ordem Franciscana, sente-se uma aura diferenciada, inesquecível.
Dia 4 de outubro. Dia de São Francisco. Bom lembrar e, mais que isso, cabe pensar no que é possível de São Francisco para se viver em nossos dias. Nada muito heroico ou impossível. É, para dizer o mínimo, dar uma força ao Padre Julio Lancellotti, por exemplo. Ou então, ouvir o que o Papa Chiquinho tem pra nos dizer. Não, não é erro nem intimidade forçada. Esse tal Francisco, que está em Roma, é digno representante do Santo e, por isso, lhe cai bem um Chiquinho! Bem carinhoso, como eu gostaria de me dirigir ao Santo, caso tivesse a oportunidade de encontrá-lo.
Estava aqui, com meus botões já gastos de tanto confinamento e, de repente, deixei a memória ir longe, onde tudo é possível. Com jeitinho, tudo é até melhor, mais bonito, mais saudável. Benditas lembranças que nos permitem ir para onde a gente bem quiser. E viajar está, desde sempre, entre as coisas que mais gosto. Pode ser para logo ali, ou lá, mais além-mar. No final da estrada, onde Judas perdeu as botas. Nos cafundós desse Brasil imenso…
Vamos indo de carona
Na garupa leve do vento macio
Que vem caminhando
Desde muito tempo, lá do fim do mar
O vento me leva para a estrada, pela Via Bandeirantes, e só me sinto saindo de São Paulo quando passo pelo Pico do Jaraguá. Começam a surgir mesmices reflorestadas, mas verdes, plenas do verde e, em dias bons, do perfume de eucaliptos. Pensamento recorrente, ressinto-me da falta de verde e a memória me joga lá pra adolescência, em Uberaba, quando pegava a bicicleta e ia pra zona rural (Na época era zona rural). Passava o posto da Fepasa de Amoroso Costa e entrava no corredor de gado, passando por Rodolfo Paixão e sempre parando em encruzilhada, para onde era só mato, descansando e meditando sobre… nada.
Vamos visitar a estrela da manhã raiada
Que pensei perdida pela madrugada
Mas que vai escondida
Querendo brincar
Minha estrela está além da Bandeirantes, entrando pela Via Anhanguera afora até atravessar o Rio Grande e entrar em terras de Minas. O percurso é longo e, sem pressa, vou degustando a viagem. Nem passei por Jundiaí! De um lado da estrada a cidade, e do outro, fazendo uma linha com o horizonte, um campo de aviação onde é possível ver aviões decolando ou pousando. Aviões ínfimos se comparados aos maiores que, daqui a pouco, serão vistos à esquerda de quem sai de Sampa. Descem e sobem no rumo de onde deve estar Viracopos, onde trabalhei e depois, muito tempo depois, voltei como passageiro.
Escolho deixar a Bandeirantes e entrar no primeiro trevo da Anhanguera, em Campinas. Penso nos meus avós, nos meus tios e sigo em frente. Passo pelo que restou da Bendix, onde trabalhei e, no lado oposto ao da empresa, vejo ao longe o bairro onde morou minha prima Dalva. Há muito não vou por lá.
Senta nessa nuvem clara
Minha poesia, anda, se prepara
Traz uma cantiga
Vamos espalhando música no ar
Antes que Campinas fique para trás vem forte a lembrança de meu irmão. A entrada da Via Dom Pedro (nunca sei se é primeiro ou segundo) sai em direção ao bairro onde Valdonei morou. Sinto saudade e vou rezar por ele quando passar em frente à Igreja de Nossa Senhora Aparecida, que lá atrás o Pe. Líbero não quis como paróquia por estar isolada, muito isolada. Ela está próxima de escombros do que um dia foi a fábrica de óleos Minasa, onde também trabalhei. Por seis meses! Esse pedaço da estrada pesa um pouco. Melhor tocar em frente.
Olha quantas aves brancas
Minha poesia, dançam nossa valsa
Pelo céu que um dia
Fez todo bordado de raios de sol
Deixo a mente vagar e só vou atentar para outra fábrica, de cachaça, em Pirassununga. Meu padrinho Nino era chegado em pinga. “… Porque gosto dela, bebo da branca, bebo da amarela, com limão, cravo e canela…” Em Pirassununga ele cumpriu obrigação de jovem, no exército. Meu pai gostava de atirar, se destacou em tiro ao alvo, no exército. Eu gosto de exército circunscrito ao exército, se estou sendo bem claro.
Vai demorar um bocado pra chegar a Ribeirão Preto. O reflorestamento ainda aborrece, mas já consigo ver resquícios de mata ciliar, de montes cobertos por… quem sabe, mata original. Há um imenso aclive no que pessoalmente chamo de Serra de Santa Rita. São quatro quilômetros de subida que sempre, na volta, descíamos na banguela economizando gasolina. E nem estava no preço que está hoje! Logo passarei por Cravinhos e por Ribeirão Preto.
Oh poesia, me ajude
Vou colher avencas, lírios, rosas, dálias
Pelos campos verdes
Que você batiza de jardins-do-céu
A Via Anhanguera tornou-se uma longa marginal que atravessa Ribeirão Preto. Em direção a Minas fiz todo o trecho que vai do trevo principal, entrada para a cidade, até o viaduto da Fepasa, sobre a estrada que, quando eu era criança, ficava em pleno mato. Duas caminhadas memoráveis:
Com papai e mamãe saímos de trem de Uberaba para Ribeirão Preto. A estação de trens era bem nova, mas estava no meio do mato. Por indicação da minha tia Olinda, descemos do trem e caminhamos pelos trilhos (quem está na estação de Ribeirão Preto é sentido Campinas) até o tal viaduto, descendo deste até a estrada e, mais uma boa caminhada, até chegar à Vila Abranches.
Dessa mesma Vila, outra vez saí com meu primo, caminhando pela estrada em direção oposta, até o trevo (na época era o único) e, entrando para a cidade, passávamos por uma fábrica de bolachas, de onde sempre vinha um cheiro delicioso de coisas assadas. Uma caminhada tranquila, interrompida por um temporal de verão. Entramos ensopados pela cidade e, como dois bons adolescentes, tomamos rumo da Praça XV de Novembro onde não tomamos chopp do Pinguim, mas tomamos sorvete sentados nos bancos da praça.
Mas pode ficar tranquila, minha poesia
Pois nós voltaremos numa estrela-guia
Num clarão de lua quando serenar
Nunca mais voltei. A cidade passou a ser um ponto por onde vou ou volto. Passando pela Vila Abranches recordo canções ouvidas na infância, leite tomado quentinho, ouvindo o barulho dos animais todos da chácara de D. Dina. A estrada pede caminho, ir em frente, vou passar pelo Rio Pardo e olhar em direção a Jardinópolis, por onde gostava de passar quando viajávamos de trem. Em Orlândia, inevitável, vou recordar uma viagem com Tia Amélia, para visitar meus padrinhos Toninho e Rosária, queridos, muito gentis. Em São Joaquim da Barra passo por uma placa que anuncia faltarem 100 quilômetros para Uberaba. Dependendo do motivo da viagem rola desespero ou alívio…
Pioneiros é um local que um dia foi chamado de Bacuri. Fica logo após São Joaquim da Barra e é um lugar da maior importância. Lá nasceu minha mãe, Laura, batizada no município vizinho. Não é o momento de entrar e rever as velhas casas que restaram da extinta estrada de ferro que, atualmente, passa longe dali. Passando por Buritizal já me sinto próximo de coisas de Guimarães Rosa. Minas está perto.
Ou talvez até, quem sabe,
Nós só voltaremos no cavalo baio
O alazão da noite
Cujo o nome é raio, raio de luar.
Já estou ansioso e não vejo a hora de atravessar o Rio Grande, quando nunca deixei de pensar: cheguei! Minas tem um cheiro, um ar… Minas tem as montanhas, e logo após o Rio começa um brincar de montanha russa, com um sobe e desce de responsa. A memória, bendita memória. Essas longas subidas e descidas me lembram Beto Rockfeller, o inesquecível personagem interpretado por Luís Gustavo. Pra fazer firulas com a namorada, o Beto apostou que chegaria de helicóptero em uma festa. Para conseguir a aeronave, alegou aos proprietários que precisava levar um doente para Uberaba. Aquele sobe e desce horrível da estrada tinha que ser evitado e, para isso, só voando. Conseguiu.
São angustiantes os minutos que antecedem passar pelo Catetinho, um antigo restaurante atualmente em ruínas. Às vezes parecem eternos, o trecho longo demais, enlouquecedor de tão longe. E o pior é ter a certeza de que, quando na volta, passará rapidíssimo, aumentando o distanciamento da cidade amada. Mas passo pelo Catetinho, logo, logo, por uma ponte sobre a estrada de ferro, e aí não tem mais lero-lero. Estou em Uberaba.
Vamos visitar a estrela da manhã raiada
Que pensei perdida pela madrugada
Mas que vai escondida
Querendo brincar
Já sinto cheiro de café, pão de queijo, bolo… Sinto o calor de abraços, a ternura de beijos.
Viagem (a número um, letra que me inspirou aqui) é canção de João de Aquino e Paulo César Pinheiro. Convido você, leitor, a ouvi-la na interpretação de Marisa, a Gata Mansa.
Estamos nos preparativos finais dessa viagem, o que implica muita adrenalina, várias reuniões, incontáveis mensagens pelas vias possíveis. De há muito sei que uma travessia, em si, não se resume a trajeto, chegada, retorno. Preparar-se, e curtir todas as tarefas necessárias, é garantir maiores probabilidades de êxito. Sonhando muito, planejando o tempo todo, sem esquecer que chuvas, pneu furado e atrasos, entre outros contratempos, valorizam uma jornada.
Sou mineiro e fico dividido entre bonde e trem. Daí, posso garantir, que estar num trem já me deixa pra lá de satisfeito. E tenho como principal companheiro de viagem Fernando Brengel, conhecida figura de andanças anteriores. Esse trem cabe o mundo inteiro, mas a gente tá contando com os amigos, os conhecidos, os que acompanham trabalhos do Brengel e meus, sobretudo quem gosta de livros e de Uberaba.
Se o Trem das Lives saísse do ciberespaço para trilhar linhas de ferro, unindo bairros, vilas, cidades, a gente até que serviria um Café Selo Verde, mineiro como eu e tão gostoso quanto… esse desejo de encontrar todos vocês no próximo domingo, às 18h, via instagram @valdoresende.
Que ninguém fique chateado por estar no nosso velho planeta. Cair fora desse mundo já é possível para qualquer mortal com saúde e alguns milhares de dólares para gastar. A viagem é curta, apenas uma hora de duração. A distância também não é nenhum exagero: apenas 100 quilômetros. A questão é que essa horinha será no espaço e os quilômetros serão percorridos para cima. Quem topa?
Há sempre uma adrenalina maior quando sobrevoamos nosso amado chão. Nossos costumeiros vôos raramente ultrapassam dez, onze mil metros. No alto, ficamos tensos ante a menor oscilação da aeronave. E aposto que a maioria das pessoas raramente pensa em acidentes quando entram no carro e pegam uma estrada, mas se o avião dá uma balançadinha… Então, só de imaginar que estou subindo, passando os dez, vinte, trinta, cem quilômetros… A vontade já começa a misturar-se com o medo. Deve ser uma viagem e tanto!
Segundo a notícia que li (inteirinha aqui) a nave, cujo nome é Lynx decola com um avião convencional e, no ar, se posiciona “com uma inclinação a 90 graus para alcançar sua velocidade máxima e sair da atmosfera terrestre. Uma vez no espaço, a aeronave flutuará em gravidade zero durante cinco minutos a uma altura de 100 quilômetros e depois planará em círculos até retornar a seu ponto de partida”.
O melhor da viagem, com frequência, é o antes e o depois. O “durante” é tão rápido e intenso que levamos grande tempo para digerir tudo o que vimos; tudo o que sentimos. Por isso não vejo nenhum problema em esperar até 2014, quando efetivamente ocorrerão as primeiras idas da Lynx para o espaço. Parece que a procura é grande e pode ser que a minha viagem ocorra só em 2015. Sem problemas; assim terei tempo para arranjar os US$ 107 mil da passagem.
Arranjar US$ 107 mil! Olha só que viagem! Eu, um professor; brasileiro e honesto. “sem parentes importantes; e vindo do interior” (e não sou caloteiro, como indicam as recentes notícias sobre Belchior, o autor do verso musical). Como arranjar US$ 107 mil?
Não creio que, na minha idade, vá surgir um casamento com alguma ricaça. Pela mesma razão, a idade, mais uma barriguinha que insiste em chegar aos locais antes que o dono, fica descartado a remota possibilidade de comercializar o corpinho. Resta, portanto, a esperança de todo cidadão comum: a loteria. Ou então um acaso, mas tão acaso, que não dá pra prever qual seja.
Minha amiga, quase carioca, disse-me que de tanto ver despachos em uma encruzilhada próxima, já pensa em colocar o santo de cabeça para baixo, dentro de um copo com água, até conseguir o que deseja. Enquanto voltava do final de semana fiquei pensando na viagem, na encruzilhada e se eu colocaria alguém na tal posição para conseguir viajar ao espaço. Em casa, bem ao lado do meu computador, a pequena escultura do Papai Noel… Ele que se cuide e que trate de me trazer os tais US$ 107 mil. Vou dar um prazo para esse velhinho. Enquanto isso, eu irei atrás de um copo que caiba o danado de cabeça para baixo…