Denise Fraga emociona com Galileu Galilei

Denise Fraga é Galileu (foto/Divulgação)
Denise Fraga é Galileu (foto/Divulgação)

Galileu Galilei, de Bertolt Brecht é um ótimo motivo para ir ao teatro.  “A peça narra parte da biografia do cientista italiano que conseguiu provar que a Terra girava em torno do Sol, mas foi obrigado a negar publicamente a sua descoberta para não ser queimado na fogueira da Santa Inquisição.”

Entre as qualidades do teatro de Brecht está o “distanciamento”, recurso utilizado pelo dramaturgo para enfatizar o fazer teatral. Este aspecto cai como luva na montagem dirigida por Cibele Forjaz, tendo Denise Fraga como Galileu. “– Ela faz um homem?”, perguntou-me o aluno. Faz e faz bem! É teatro! Encanta o entrar e sair do personagem com recursos materiais simples que reforçam o talento de Denise Fraga e de seus colegas de cena; entre esses, impossível não citar Ary França.

Tornar-se publicamente covarde é doloroso e é o que ocorre com Galileu. A atriz revela motivos de escolher a peça e, no programa de apresentação do espetáculo, propõe indagações que permeiam nosso cotidiano “Quem de nós não teve que negar o óbvio para seguir adiante? A quantos absurdos costumamos nos submeter com cara de paisagem? E o que fazer para, nesta areia movediça, achar brechas para pequenas revoluções que nos mantenham minimamente em dia com os nossos ideias?”.

O Galileu de Brecht é um homem comum. Tão comum quanto Denise Fraga aparenta ser. Notável como este trabalho permite ao espectador ir além da imagem da menina simples, simpática, a comediante leve para encontrar uma atriz inspirada, mulher forte, consciente do ofício e da função social deste. Galileu Galilei, a montagem, é peça atual, inserida no cotidiano de tantos brasileiros comuns que engolem sapos e, contra a maré, buscam transformar esse mesmo cotidiano.

Denise Fraga emociona. A montagem de Cibele Forjaz cria um momento raro de tensão silenciosa; um tempo mínimo, mas suficiente para permitir ao público o identificar-se com o personagem. Galileu não é herói e nós, como ele, enfrentamos “inquisições” contemporâneas. No exílio o personagem real escreveu um livro que é seu grande legado. Resta saber o que faremos de nossas vidas.

Programem-se! Galileu Galilei está no TUCA. Rua Monte Alegre, 1024 – Perdizes, São Paulo – SP, 05014-001 (11) 3670-8455.

Até mais!