Ramiro em Birigui

Muito bom ter a continuidade de Um presente para Ramiro em novas apresentações. Abaixo a transcrição da divulgação feita pelo SESI Birigui, onde estaremos dia 11 próximo.

(Frame do site do SESI. A foto é de João Caldas).

 Por: Letícia Estella de Lima – Sesi Birigui

“Um Presente Para Ramiro” é um espetáculo infantojuvenil que ensina, de forma lúdica e com bastante humor, como as crianças podem se organizar para realizarem seus sonhos. O Teatro do Sesi Birigui recebe a peça no dia 11 de fevereiro (sábado), às 16h. A entrada é gratuita e as reservas podem ser feitas pelo Meu Sesi.

O espetáculo apresenta Ramiro, um garoto que, no aniversário de 12 anos, faz uma lista com presentes caríssimos e não aceita ficar sem presentes. Com a ajuda de Fortuna (um cofre em forma de porco falante), Valentina, prima de Ramiro, o vovô Miguel propõe diferentes viagens e brincadeiras através dos sonhos, conhecendo, entre outras coisas, história dos pais de Ramiro. Com muito humor e imaginação Ramiro aprende que para realizar os desejos é necessário organização e planejamento.

O trabalho partiu de uma pesquisa sobre como as crianças lidam com a realidade financeira da família, revela o diretor Valdo Resende. “Durante meses nós estudamos esse tema e somamos a isso a nossa experiência em falar com esse público infanto-juvenil e, consequentemente, com os pais, pois são eles que levam os filhos ao teatro. Usamos uma linguagem própria para a idade para mostrar que há um valor real e concreto para as coisas e que precisamos de planejamento, investimento e economia para consegui-las”, comenta. 

A encenação evidencia a importância do valor real das coisas e não a importância do ter o que é caro, o que está na moda, o que dá status. Trata, ainda, do egoísmo em contraposição aos valores familiares. Dessa forma, apresenta e valoriza os brinquedos simples, antigos. “Resgatamos alguns brinquedos que estão desaparecidos, mas ainda permeiam o imaginário das pessoas. E a nossa cenografia (assinada por Djair Guilherme) é construída como um brinquedo que se monta e desmonta. Não temos um cenário na própria concepção da palavra, mas elementos cenográficos que vão compondo os ambientes onde as cenas ocorrem. A encenação se baseia em um teatro no qual as ações são construídas a partir do movimento dos atores, a partir da maneira com qual eles manipulam os elementos cenográficos”, explica Resende. 

Ficha Técnica

Criação/Idealização: Kavantan & Associados-Projetos e Eventos Culturais | Dramaturgia: Valdo Resende | Direção: Valdo Resende | Elenco: Conrado Sardinha, Isadora Petrin, Neusa de Souza, Roberto Arduin e Rogério Barsan | Trilha: Flávio Monteiro | Cenografia: Djair Guilherme | Iluminação: Ricardo Bueno | Operação de luz: André Santos | Operação de som: Willian Gutierrez | Direção de produção: Sonia Kavantan | Produção: Tiago Barizon | Realização: SESI-SP

Tebas, para quem não se importa com “spoilers”

A trilogia tebana. Foto: João Caldas

Tenho indisposição para com a expressão “spoiler”. O como se conta é mais interessante que o final. A trajetória de um fato revela mais que o veredicto conclusivo; exemplo atualíssimo, a luta dos enfermeiros por um salário digno! Centenas de outros exemplos seriam possíveis, mas o que seria de Romeu e Julieta excluindo-se tudo o que leva ao desfecho do casal? Prefiro, aos 67, a postura da criança que se deleita vendo o mesmo filme 13 vezes! (Falando em como, adivinhe porque escolhi o número 13?). 

Há uma jocosa e mentirosa definição de tragédia que me diverte bastante, ouvida não me recordo quando, mas sei que foi em uma mesa de boteco: “tragédia é aquela peça que termina quando todos os personagens morrem”. Há controvérsias! Medeia não morre! Foge poderosa em um carro, presente do seu avô, o Sol. Se alguém deixa de ver, ler ou assistir Medeia por conta desse “spoiler” vai deixar de conhecer aspectos profundos da alma humana e das possíveis atitudes de uma mulher traída e injustiçada.

Vamos a Tebas, a montagem da Cia. Elevador de Teatro Panorâmico apresentada aqui em Santos, no Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas do Sesc. O dramaturgo, diretor e ator Marcelo Lazzaratto concebeu Tebas, montagem de três textos de Sófocles, conhecida como Trilogia Tebana: Édipo Rei, Édipo em Colono e Antígona. Um desafio e tanto: três em um.

Há duas perspectivas básicas perante a plateia. Uma é a de quem conhece o texto, viu outras montagens tendo, portanto, outras referências. A outra é de quem não viu, não leu, não conhece. Estou na turma que viu. E foi possível perceber inúmeros jovens na plateia e, durante o intervalo, na fila do café, foi ótimo ouvir conversas do tipo “não conhecia”, “li apenas o Édipo”, “demorei pra sacar o que estava ocorrendo”.

É recomendável não “entrar de gaiato no navio”. O Mirada disponibilizou material sobre todos os trabalhos do Festival. Nesse, sobre Tebas, já avisa:

“Em 2012, o diretor Marcelo Lazzaratto montou “Ifigênia”, baseada em “Ifigênia em Áulis”, de Eurípides. Agora, como marco das primeiras duas décadas do grupo, em 2020, postergado por causa da pandemia, ele concebe a dramaturgia e atua como Édipo, personagem-chave na recriação da Trilogia Tibetana”.

Após dados sobre as três peças que formam a trilogia, informa na conclusão:

“os três tempos vão se entrelaçando, sem uma relação necessária de causa e efeito. E o coro, interpretado por um único ator, perpassa os tempos assim como Édipo”.

Curioso com o possível resultado desse entrelaçamento fiz questão de ver esse trabalho, entre as 36 obras oferecidas pelo Mirada. Meio complicado ir a todas. O desafio enfrentado pelo dramaturgo me levou ao Teatro Brás Cubas.

Tebas. Foto: João Caldas.

Um velho Édipo está em cena o tempo todo perante a própria história. E essa vai se desenrolando de forma a nos permitir ver outro Édipo, jovem, caminhando para o final já conhecido e em cena, o Édipo ancião, cego e pobre. Uma ação que soma as relações com os filhos em luta, as fiéis e abnegadas filhas, a sede de justiça de Antígona para com o irmão, tudo entrelaçado e desvelado ao público num crescendo que termina com o desfecho da primeira peça da Trilogia, o Édipo Rei.

Certamente haveria outra forma de realizar a montagem, de colocar essas tragédias em cena. Assim como foi critério do diretor escolher tais atores para tais personagens. Há duas grandes possibilidades comparativas em cena: O Édipo feito por dois atores (comparação inevitável) e a competência de uma atriz ao interpretar Jocasta e Teseu. Há outras dobras de atores, mas essas duas me instigaram mais, e espero ver uma análise crítica a respeito dos atores e dos demais aspectos da montagem.

Fico no que me levou ao teatro: A satisfação de ver em cena três textos extraordinários, conhecidos, mas que mantêm a força de reter uma plateia por mais de duas horas e, quanto a mim, provocar mais uma vez um velho e conhecido encantamento.

Revi velhos conhecidos que é como encaro personagens como Jocasta, Édipo, Tirésias, Antígona. Recordei outros atores, outras atrizes, outras montagens em uma longa e gostosa conversa após a peça. Gostei disso, não gostei daquilo… O mais importante – e este é um texto de opinião – é ter sido possível esse reencontro com Sófocles, bem melhor por já conhecer as histórias e, por isso mesmo, continuar me irritando com esse povo que entra em crise com spoilers.

Para concluir, deixo a ficha técnica do espetáculo:

TEBAS

CIA. ELEVADOR DE TEATRO PANORÂMICO

Dramaturgia cênica e direção Marcelo Lazzaratto
Assistência de direção e preparação corporal Dirceu de Carvalho
Atores da Cia. Carolina Fabri, Marcelo Lazzaratto, Pedro Haddad, Rodrigo Spina, Tathiana Botth e Thaís Rossi
Atores convidados Eduardo Okamoto, Marina Vieira e Rita Gullo
Iluminação Marcelo Lazzaratto
Cenário Julio Dojcsar
Figurino Silvana Marcondes
Música original Dan Maia
Técnicos de som Anderson Moura e Gabriel Bessa
Técnico de luz Lui Seixas
Contrarregra Tiago Moro
Costureira Atelier Judite de Lima
Cenotécnico Fernando Lemos (Zito)
Adereços Marina Vieira
Maquiagem Cia. Elevador de Teatro Panorâmico
Fotografia João Caldas
Vídeo Roberto Setton
Projeto gráfico Alexandre Caetano – Oré Design Studio
Assistência de produção Larissa Garcia
Produção executiva Marcelo Leão
Produção Anayan Moretto
Realização Cia. Elevador de Teatro Panorâmico

Mirada, encontro bienal em Santos

Marcelo Lazzaratto, ator e diretor em TEBAS. Foto: João Caldas.

Começou neste dia 9 e irá até o 18 de setembro o MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas aqui em Santos. 13 países estarão representados no evento que conta com palestras, exposições, instalações, teatros em espaços fechados e abertos. É a sexta edição do festival em 12 anos.

Difícil comparecer em todas as ações. Ingressos rapidamente esgotados de algumas, além de sessões simultâneas. Por isso escolhi alguns trabalhos para indicar e, quando possível, comentar ao longo desses próximos dias.

1ª Indicação: TEBAS, no Teatro Brás Cubas –

Tebas, o espetáculo da Cia. Elevador de Teatro Panorâmico, tem como diretor Marcelo Lazzaratto que concebe a dramaturgia e atua como Édipo, personagem-chave na recriação da trilogia tebana: Édipo-Rei, Édipo em Colono e Antígona se entrelaçam “sem uma relação necessária de causa e efeito. E o coro, interpretado por um único ator, perpassa os tempos assim como Édipo. Ao fim e ao cabo, sabe-se que são os cidadãos comuns que atravessam as épocas e seus imaginários, geração seguida de geração, sempre sujeitos aos governantes e aos seus sistemas de governo”.

Grupo Paulista, a Cia. Elevador de Teatro Panorâmico está na estrada há 22 anos, tendo desenvolvido 18 espetáculos.

Atores da Cia. Carolina Fabri, Marcelo Lazzaratto, Pedro Haddad, Rodrigo Spina, Tathiana Botth e Thaís Rossi

Atores convidados Eduardo Okamoto, Marina Vieira e Rita Gullo

10 SET ∙ SÁBADO ∙ 20H00

TEATRO BRÁS CUBAS

Av. Senador Pinheiro Machado, 48 – Vila Mathias, Santos – SP

Ingressos no site do Sesc:
https://centralrelacionamento.sescsp.org.br/

Cleide Queiroz em Palavra de Stela: Poesia e Teatro

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Cleide Queiroz em Palavra de Stela. Foto: João Caldas.

Um bom trabalho, dizem, pode ser resumido em uma frase; lá vai: Cleide Queiroz mostra infinitas faces de uma mulher no monólogo Palavra de Stela. Escrito assim parece pouco, indigno da performance da atriz que comemora nessa montagem 50 anos de carreira . Por isso é fundamental escrever um pouco mais.

Stela do Patrocínio foi internada em uma colônia psiquiátrica aos 21 anos e assim ficou por quase trinta anos. Um jeito diferente de Stela ser e, principalmente, de dizer coisas impressionou outra mulher, a artista plástica Neli Gutmacher, quando esta montou um ateliê na Colônia Psiquiátrica Juliano Moreira, em Jacarepaguá.  Uma terceira mulher, Viviane Mosé, organizou a fala de Stela gravada por Neli , publicando essas em forma de poesia no livro “Reino dos bichos e dos Animais é o meu nome”. Uma síntese do percurso de mensagens resultantes na montagem Palavra de Stela, escrita e dirigida por Elias Andreato .

Sinto que é necessário ampliar esse preâmbulo. Que tal conhecer algumas palavras, da Stela do Patrocínio, transcritas do programa da peça?

“Não sou eu que gosto de nascer

Eles é que me botam para nascer todo dia

E nem sempre que eu morro me ressuscitam

Me encarnam me desencarnam me reencarnam

Me formam em menos de um segundo

Se eu sumir, desaparecer,

Eles me procuram onde eu estiver”

Eita! Dá uma vontade enorme de ter mais versos de Stela.

Uma história densa, um texto forte, poético. O público entra na sala do Top Teatro e a atriz já está em cena. Cleide Queiroz. A mulher tece teias por onde outras mulheres surgirão via mente de Stela, voz e corpo de Cleide. Poucos adereços em um cenário que ressalta possíveis espaços na mente da personagem, tornado físicos pela capacidade cênica da atriz.

A história não é linear. Vamos descobrindo Stela do Patrocínio aos poucos, simultaneamente vamos reconhecendo aqui e ali a trajetória da moça, da atriz, tudo devidamente realçado na direção de Elias Andreato e no inquietante figurino de Mira Haar.  Tem mais: Iansã comandando ventos e todos os elementos, tem Medeia tornada Joana, aquela da Gota D´água, que Cleide já interpretou na íntegra. Tem um jeito de ser e cantar que é Maria Bethânia sem deixar de remeter à fonte da própria Bethânia, Dalva de Oliveira e, sobretudo, tem Stela do Patrocínio.

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Stela do Patrocínio, com Cleide Queiroz. Foto: João Caldas.

Stela é a doente abandonada, a professora, a dona de casa, a menina, a mulher exuberante. Stela vai se desnudando, se desvelando enquanto fala com o público, com o gravador da psiquiátrica, com as pessoas todas que povoaram sua mente. Cleide Queiroz revela Stela em versos declamados com ritmo preciso, em canções que somam intenções, mas também a atriz nos mostra a personagem via silêncios perturbadores.

A coordenação do projeto é de Carlos Moreno. A direção de produção é de Sonia Kavantan. Palavra de Stela tem música original e arranjos de Jonatan Harold, desenho de movimento e programação visual de Roberto Alencar – cujos registros figuram entre as notáveis ilustrações do programa. Mira Haar, além do figurino, assina a cenografia. As fotos são de João Caldas.

Palavra de Stela está no TOP TEATRO (Rua Rui Barbosa, 201 – Bela Vista. Tel: (11) 2309-4102). A temporada vai até o dia 27 de Agosto. Os horários:  sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 19h. Ingressos: R$40,00 (inteira) e R$20,00 (meia). Duração: 70 minutos. Vendas online: http://www.aloingressos.com.br/

Marque na sua agenda, reserve seus ingressos. Palavra de Stela é imperdível.

Até mais!

Aeroplanos! Para Grandes Amigos

AEROPLANOS 2 - DNG
Roberto Arduin e Antonio Petrin. Aeroplanos. Foto: João Caldas.

Pouco mais de cinco minutos da peça Aeroplanos, do argentino Carlos Gorostiza, e comecei a reconhecer momentos já vividos com Octavio Cariello, amizade que chega aos exatos trinta anos, e de outros, trilhando a vida comigo ao longo do tempo.  No palco dois amigos vivem situações que a cumplicidade permite: já anteveem a fala um do outro, sabem as razões de cada visita, as motivações que determinam reações positivas ou ranzinzas.

Antonio Petrin e Roberto Arduin interpretam os amigos que, aos 75 anos, enfrentam problemas comuns para todos os idosos, mas com posturas absolutamente distintas. Penso serem essas distinções de cada indivíduo as razões que sustentam amizades. Sou um indivíduo mais fechado, o que, por exemplo, contrasta com a simpatia de Sonia Kavantan; também minha timidez sempre deu vez para uma maneira mais efusiva de Fátima Borges. Amigas, amigos…

A passagem do tempo enriquece as relações e pouco importam desavenças, desacordos, diferenças. Se isso ocorre restam pequenos silêncios, afastamentos por pouquíssimo tempo e uma certeza: querer continuar junto do amigo. Na peça, Antonio Petrin vive situação limite e encara isso com humor, deixando a preocupação para a personagem interpretada por Roberto Arduin. Dois atores em plena maturidade e domínio do ofício garantindo que, da plateia, façamos parte dessas vidas, como se fossem dois amigos entre os tantos que a vida nos deu.

O diretor Ednaldo Freire propõe uma montagem que deixa atores à vontade em cenografia instigante, criada também por Petrin. Montando e desmontando espaços os atores aumentam a sensação de cumplicidade enquanto algumas molduras vazias são preenchidas por lembranças de possíveis momentos entre as personagens, os atores e, certamente, todos nós. Viva, na lembrança da personagem e na imagem emoldurada, apenas a foto da esposa.

Aeroplanos tem uma temática ousada perante os padrões que rolam por aí. Em tempos de exacerbação da juventude e de redes sociais frequentadas apenas por gente feliz, a montagem  enfrenta a solidão, a morte e a idade como fatores inatos e, portanto, pertinentes a todos nós. O resultado é delicado e emociona.

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Aeroplanos, amizade e cumplicidade para toda a vida. Foto: João Caldas.

“Levem os amigos” é a expressão rotineira que, em se tratando de Aeroplanos, deve ser levada “ao pé da letra”. A peça celebra a amizade e nos faz perceber o quanto somos felizes e abençoados por viver entre amigos. Sai também orgulhoso com a produtora Sonia Kavantan: é mais um trabalho que vai além da mera diversão e consumo, propiciando gratas reflexões para todos os que assistem e, com certeza, também aos que dela participam.

Após estreia no Teatro Municipal de Santo André, no ABC Paulista, a peça entra em cartaz na próxima sexta, dia 5 de maio, aqui em São Paulo, no Teatro Cacilda Becker (Rua Tito, 295. Fone 11 3864 4513), com apresentações sextas e sábados, 21h e domingos às 19h. Preços: R$ 20(inteira), R$10 (meia-entrada).

Até mais!

O retorno de Reynaldo Gianecchini

Voltando aos palcos com a peça “Cruel”, ao lado de Maria Manoella e Erik Marmo, o ator Reynaldo Gianecchini sinaliza as possibilidades da ciência sobre uma doença avassaladora. O câncer ainda faz milhares de vítimas e somos, com freqüência, levados a uma sensação de derrota já no diagnóstico. A cura do ator é um sinal de esperança.

Foi em uma terça-feira; iríamos, Sonia Kavantan e eu, ver a peça “Cruel”. Mudamos o rumo, já que a apresentação havia sido suspensa. Soubemos depois os motivos. Como já tive a infelicidade de conviver de perto com situação similar, esperei o pior. Quando li as primeiras notícias sobre o restabelecimento fui apurar as informações e fiquei feliz. Toda e qualquer vitória sobre o câncer deve ser comemorada, alardeada. Por isso este texto.

Li bastante sobre essa doença e sei, por exemplo, que as pesquisas são isoladas. Que é comum um cientista que pesquisa o câncer em um determinado órgão, pouco saiba sobre a mesma doença em outra parte do corpo. Assim, sem uma troca consistente de informações, há a dificuldade nos processos de cura e ainda continua como grande incógnita o surgimento da doença. O câncer, quando aparece, é porque já existe e sendo diagnosticado a tempo, pode ser curado. Todavia, não há trabalho preventivo.

Penso que quanto mais se noticiar sobre a doença melhor. E um indivíduo famoso facilita o interesse da população sobre si, logo sobre a doença. Com maiores e melhores informações podemos percorrer um caminho diferenciado. Se há tratamentos possíveis podemos lutar para que sejam acessíveis a toda a população.

Gianecchini está de volta. A imprensa noticia mudanças de comportamento, de atitudes. Ninguém sai o mesmo após experiência desse tipo. A gente vai continuar observando, seguindo os passos do ator, torcendo para que ele fique plena e definitivamente curado. Portanto, vejamos as informações básicas sobre o retorno ao trabalho:

REYNALDO GIANECCHINI, MARIA MANOELLA e ERIK MARMO

Elias Andreato dirigiu, traduziu e adaptou “Creditors”, de August Strindberg: “Preferi Cruel ao título original, porque ele combina mais com a peça, com os personagens e com o autor, em relação à observação do cotidiano da alma humana”, informou o diretor.

A peça gira em torno de um triangulo onde Gustavo (Reynaldo Gianecchini) é o vetor da história. Adolfo (Erik Marmo) é um pintor inseguro, facilmente manipulado, mas sutilmente forte. Casado com Tekla, (Maria Manoella), uma bonita, sedutora e sagaz escritora, cai na armadilha do egocêntrico e cruel Gustavo, ex-marido de Tekla. 

No palco, mais do que ações e gestos, as mentes se enfrentam. A mais ardilosa vence a batalha. A mais ingênua perde a guerra, pois é considerada frágil e destrutível.  Com isso, é deflagrada uma corrente de forças, em que os personagens tentam ser vencedores de seus próprios conflitos. Cruel é, também, um xeque-mate a instituição do casamento.

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Serviço:  CRUEL

Teatro FAAP (400 lugares)

Rua Alagoas, 903 – Higienópolis.

Informações e Vendas: 3662.7233 e 3662.7234.

Segundas e Terças, às 21h. Ingressos: R$ 60 

De 13 de março a 15 de maio de 2012