
Sorry! Folhear um trabalho como o Artbook54, de um artista como Octavio Cariello, e deparar-se com a própria imagem é para jogar o ego lá pra estratosfera. Então… lá estou eu entre personagens reais e imaginários; um, entre muitas personalidades desenhadas, esboçadas ou recriadas em divertidas caricaturas desse artista genial. E não são só pessoas; há logomarcas, fontes, quadrinhos… toda uma gama de trabalhos que comprovam a qualidade inegável do autor.
Ego é uma coisa doida. A gente tenta controlar, mas foi pegar o Artbook54 e, ao folhear, disfarçar a ansiedade, engolir a pergunta “- cadê eu?”. Ainda havia outra curiosidade: qual, entre os vários trabalhos feitos em conjunto, foi colocado no livro; das vezes em que tive o privilégio de ser desenhado, qual caricatura foi escolhida?
Serenada a vaidade vejo muito além da minha face; acompanho a carreira de Octavio Cariello em São Paulo desde quando ele chegou por aqui vindo de Recife. Os primeiros trabalhos, os primeiros grandes êxitos. O grande talento reconhecido quase que de imediato, colocando-o em pouquíssimo tempo na galeria dos melhores desenhistas nacionais, com prêmios e, sobretudo, o testemunho dos maiores entre seus pares.
Recordo os primeiros desenhos em que descobri estar diante de alguém com uma capacidade incomum em captar ângulos, descrever nuances, registrar faces e aspectos inusitados da forma. Também, entre amigos, ele brincava com guardanapos enquanto tomávamos cervejas na noite paulistana, desenhando com caneta esferográfica, conquistando a admiração de quem dividia a mesa conosco.
A loucura do sujeito – aquela do surto de quem não se cansa de criar – é perceptível na criação de fontes, onde o velho e bom alfabeto ganha nuances particulares, únicas, em mínimos detalhes que permeiam cada letra e que, em si, constituem-se numa família tipográfica. É a loucura do detalhe; de quem observa de tal forma que consegue recriar entre milhares a forma única. Doido!

Este texto é passional. Fazer o que? A capacidade criativa e o talento de Octavio Cariello são inegáveis e, repito, – Sorry, estou no livro! Divido uma página com David Bowie, Clarice Lispector, Marcelo Campos, Alan Moore… E não é só. Há outra em que estou ao lado do próprio Cariello, registro do livro Alterego organizado por ele onde participei com um conto. Pura satisfação! Boa sorte, Cariello! Obrigado! Vamos curtir este livro, pois com certeza, outros virão!
O Artbook54 está no mundo. O lançamento será no próximo sábado, 20 de janeiro, a partir das 14h, na Quanta Academia de Artes (Rua Doutor José de Queirós Aranha, 246, perto da estação do metrô Ana Rosa). Todos estão convidados!
Até lá!