
Os outros são grandes, mas Mário Lago é o “número um”. Entre todos os artistas homenageados no desfile das escolas de samba de São Paulo no carnaval deste ano, a Mancha Verde vem com uma fera, “Mário Lago, o homem do século XX”. Um nome fundamental na cultura popular brasileira que passou pela música, pelo teatro, o rádio, o cinema, a televisão e deixou, de quebra, algumas criações literárias que são fundamentais para a memória brasileira.
Na televisão Mário Lago foi ator de novelas memoráveis como “O Casarão” e “Dancing Days”, tendo sido premiado nas duas produções da Rede Globo. Também foi ator em um dos marcos da cinematografia nacional: “Terra em Transe”, de Glauber Rocha. Entre grandes sucessos radiofônicos, foi narrador da novela “O Direito de Nascer”, mega sucesso da Rádio Nacional, em 1951. Foi o primeiro autor a colocar o samba nos palcos do nosso teatro; foi no teatro que conheceu Carmen Miranda e esta, gravando “Aurora”, tornou Mário Lago um compositor mundialmente conhecido.
Além da música “Aurora”, Mario Lago está no repertório dos maiores intérpretes brasileiros com canções sempre lembradas e que, tudo indica, permanecerão por muito tempo na boca do povo: “Ai, que saudades da Amélia”, “Número Um”, “Nada além”, “Atire a primeira pedra…” são resultado de uma carreira vitoriosa, ao lado de parceiros notáveis como Custódio Mesquita, Ataulfo Alves e Benedito Lacerda.
Tenho uma enorme simpatia para com Mário Lago. Lembro-me dele em cena, com o ar de sabedoria que o tempo deu ao homem e ao artista. A vida desse homem é permeada por lutas políticas; entre essas, brigou como poucos pela classe artística. Entre as consequências de uma personalidade tão forte estão algumas passagens pela prisão, além de perseguição política. Gosto do humor desse compositor, para quem escrevi um post anterior, com o título de uma de suas músicas divertidas: “Poleiro de pato é no chão”.
Um desfile tendo Mário Lago como tema oferece mil possibilidades. A Mancha Verde está com um samba feito por oito compositores: Turko, Maradona, Didi, Ferracini, Fabiano Sorriso, Jorginho, Paulinho Miranda e Tucuruvi Mancha. O intérprete é Freddy Viana. No samba de enredo a escola tenta uma síntese da vida desse artista multimídia, tão grande quanto o carnaval, que pode ser ouvido integralmente aqui. Tomara que a escola faça um carnaval vitorioso, tornando-se uma “Mancha Verde” na história de Mário Lago.
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Até mais!
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Sempre gostei de ver o Mario Lago atuando… Homenagem mais que merecida!