Seu Tarcísio, o galã, e Dona Fernanda, a mocinha

Tibério e Candinha, Tarcísio e Fernanda (Foto divulgação)
Tibério e Candinha, Tarcísio e Fernanda (Foto divulgação)

Nestas últimas semanas, mesmo sem seguir totalmente a novela Saramandaia, fui atingido em cheio pelo talento de Tarcísio Meira e Fernanda Montenegro. Dona Redonda já explodiu e João Gibão fez vôos belíssimos; todavia, a emoção maior vem das relações humanas, de um grande amor duramente sufocado que nos últimos momentos da vida de dois velhos soberbos, derrota-os fazendo surgir um casal apaixonado.

Tibério e Candinha, por si, não são personagens fáceis. Dois líderes de famílias antagônicas que sufocaram um amor e que reatam por interferência dos netos já “seria pano pra manga”.  Exigiram mais. Trataram de colocar Candinha cuidando de galinhas imaginárias e prenderam Tibério a raízes incômodas.

Nunca é demais aplaudir aqueles que são verdadeiramente grandes; o ator imobilizado por quase todo o seriado e a atriz contracenando com animais irracionais cativaram milhões e garantiram, até agora, momentos de intensa emoção. E se a idade e os papéis restringem os movimentos, é através de um primoroso desempenho vocal que se evidencia o melhor do trabalho dos dois atores.

Fernanda Montenegro veio do rádio e de lá trouxe a primeira bagagem de domínio da prosódia, da boa entonação. Tarcísio Meira vem de escola similar, experiência aprofundada em longos anos de profissão. Ela sempre foi a primeira e, entre as melhores, tem o nome destacado. Ele é o eterno galã e, talvez, pela beleza e pelo carisma de homem sedutor, tenha tido em alguns momentos o talento minimizado. O tempo, melhor de todos os professores, tratou de deixar bem claro o quanto de competência há nesses dois atores.

Tarcísio e Fernanda, por imposição de terceiros, contracenaram com muita gente de talento duvidoso. O galã, tendo que dividir espaço com mocinhas bonitinhas e a atriz, emprestando competência ao texto quando para as bonitinhas restava o “eu te amo”.  Sobreviveram! E como se a vida fosse justa (de vez em quando é!) surgiu o momento de ambos viverem o mocinho e a mocinha.

Dona Fernanda, belíssima aos 83 anos, virou menina brincando com um “tablet” para falar com o ser amado. Seu Tarcísio, aos 77 anos, ainda é o homem forte e viril, o galã que vence o impossível e rompe as próprias raízes para sair ao encontro da amada. “Roubaram a cena” é o jargão comum nessa situação. Nenhuma novidade é o que dirá todo aquele que ao longo dessas cinco, seis décadas, tem se deliciado com o magnífico trabalho desses dois atores geniais.

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Boa semana para todos!

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3 comentários sobre “Seu Tarcísio, o galã, e Dona Fernanda, a mocinha

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