Sessenta e 1 – Envelhecer de tudo, não me dói


vava 61

O que fazer? Pensar. Como encarar o que vem por ai? Só com poesia. De Fernando Pessoa.  Para quem passar por aqui, meu obrigado e, mais uma vez, peço atenção: Fala o poeta em “O Horror de Conhecer” – “segundo tema”.

Por que pois buscar 
Sistemas vãos de vãs filosofias, 
Religiões, seitas, [voz de pensadores], 
Se o erro é condição da nossa vida, 
A única certeza da existência? 
Assim cheguei a isto: tudo é erro, 
Da verdade há apenas uma ideia 
A qual não corresponde realidade. 
Crer é morrer; pensar é duvidar; 
A crença é o sono e o sonho do intelecto 
Cansado, exausto, que a sonhar obtém 
Efeitos lúcidos do engano fácil 
Que antepôs a si mesmo, mais sentido, 
Mais [visto] que o usual do seu pensar.   
A fé é isto: o pensamento 
A querer enganar-se-eternamente 
Fraco no engano, [e assim] no desengano;  
Quer na ilusão, quer na desilusão

(…)

O decorrer dos dias 
E todo o subjetivo e objetivo 
Envelhecer de tudo, não me dói 
Por sentido, mas sim por ponderado; 
Nem ponderado dói, mas apavora.

Até mais!

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