No cotidiano do céu,
Ao lado de santidades
Cabe alegria, escarcéu?
Alguma arbitrariedade?
Quem não sabe de São Pedro
Do dia a dia do Santo
Pensa logo em mausoléu.
Para contar só um dia
Lembro aquele em que anjos
Enquanto o santo adormecia
Aprontaram desarranjo
Deixando o céu sem chaves
Portas lacradas, fechadas
Até pra Deus e Maria.
São Pedro, compenetrado,
Evita fazer milagres;
Todavia o céu fechado
É caso de ira, sabre,
E num levantar de mãos
Tornou anjos estáticos
Retomou chaves, função.
Doutro lado é Santo Antonio
Caindo noutra esparrela
Quando afoitas por matrimônio
Raptam o santo pela canela.
O céu entra em colapso
– Tragam de volta o santo,
Mandem aquelas pro manicômio!
Tarefa pra São João
Libertar o casamenteiro
Só daquelas em danação
Por marido o tempo inteiro
E João apela ao diabo
Pra sossegar, acalmar o facho
Das moças sem gavião.
O demo sempre que pode
Mesmo sem recompensa
Ajuda os do céu, acode.
É sua forma de ofensa
Mostrar superioridade.
Assim aparece às moças
Feito fumegante bode.
Solteironas alvoroçadas
Largam o santo à revelia
Amarguradas e amalucadas
Saem rezando ave-maria.
Antonio volta pro céu
Agradecendo a São João
A liberdade alcançada.
Os três santos de junho
Tão sagrados, tão profanos,
São perenes testemunho
Do amor de Deus aos humanos.
Por isso um dia é pouco
Para orar e bendizer
Nosso trio soberano.
São Pedro nos abrindo portas!
Santo Antonio nos dando o pão
São João iluminando caminhos
Quem irá nos vencer?
Por eles chegamos ao céu
Pertinho da Virgem Maria
Recebam a singela homenagem
De quem se benze todo dia.
Valdo Resende, 24/06/2016
Salve, São João!