Domingo à noite. Acompanhando um convalescente ao Hospital do Servidor, pela quarta vez em uma semana, me levou a refletir e compartilhar a experiência. O pronto atendimento é expressão irônica para quase todos os que estão precisando de cuidados médicos. Nosso recorde nesta semana foi de nove longas horas para completar os procedimentos.
Agora, enquanto aguardo, não deixo de notar que nesta noite a maioria dos profissionais de plantão são mulheres. Uma delicada deferência de médicas, enfermeiras e atendentes aos colegas pelo dia dos pais. Também confirmo o já presenciado anteriormente… Há cinco consultórios médicos, dois permanentemente fechados. Não há profissionais em quantidade suficiente para suprir a demanda.
Na sala de espera, corredor e no espaço onde aguardam triagem há muitas pessoas. Gente de quase todo tipo. Há quem comeu demais e outros, visivelmente subnutridos. Pessoas com dor e outras, dificultando perceber quem é doente e quem é acompanhante. Há os que se comportam como se a reunião fosse festiva e outros gemem, exageradamente, clamando por urgência no socorro.
Atrás dos consultórios fica um corredor que dá acesso a salas de exames e outras dependências. O cenário é assustador. Macas substituindo camas e, alguns doentes, em camas improvisadas no chão. Não há leitos em quantidade suficiente para suprir a demanda.
Há raros surtos de impaciência sublinhados com frases costumeiras: “- Falta de respeito”, diz um, para alguém rebater: “- Somos tratados feito cães!” Bobagem, penso eu, cães têm tratamento melhor, exceto pela gritante falta de pronto atendimento para os amigos caninos.
Há que se registrar o considerável esforço da maioria dos profissionais deste hospital em atender dignamente aos que deles contam com atenção e competência. Há até manifestações de carinho e consolo diante das circunstâncias de um serviço carente.
Estou em São Paulo. O Hospital do Servidor é conceituado, está em região central, há poucos quarteirões da Avenida Paulista. Entre este hospital e a famosa avenida estão outros prontos atendimentos, para quem pode pagar imensas quantias ou desfrutar de convênios, previamente pagos. Bem que os milhares de Servidores Públicos na capital mais abastada do país merecem bem mais, todavia…
A médica que atendeu meu doente está inequivocamente cansada. “- Depois dos sessenta, o dia inteiro aqui…”. Examinou, orientou e prescreveu medicação, dada neste momento, enquanto aguardo e escrevo. Uma bênção! No entanto…
Como não pensar naqueles que não contam nem mesmo com um serviço precário? Como estão outros doentes de agora, sem hospital, ambulatório ou pronto atendimento? Se no centro de São Paulo é assim, como será nas pequenas e pobres comunidades brasileiras?
Em nome do meu amigo posso agradecer ao atendimento recebido. Em nome do Pai e de todos os santos, peço por melhores condições de saúde, educação… peço, não. Exijo! Faço deste uma denúncia: Essa situação tem que mudar!
Até mais!
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Parabéns pelo comentário, no interior não foge muito desta realidade.
Nas eleições todos prometem melhorar a saúde, mas sempre continua igual ou pior, e aquela
ladainha falta de repasse de verba…etc. é um jogo de empurra, empurra….
Então, Jose Geraldo, uma das questões é que, chegando as eleições, vota-se no mesmo partido. É necessário dar uma sacudida no Estado e o começo é pelo voto.Obrigado pelo seu comentário.
A questão é a falta de estrutura na atenção básica que deve ocorrer nas UBS. Se as pessoas fossem bem atendidas e orientadas , fariam as consultas, dariam seguimento ao tratamento e entenderiam que o pronto atendimento é para urgências e emergências, não para consultas rotineiras ou casos crônicos. Porém, como as UBS não costumam ter equipes completas porque a maioria das prefeituras não têm realizado concursos públicos de acordo com a necessidade, tudo acaba sendo caso de pronto atendimento e o caos está instalado.
Marisa, obrigado por contribuir. Hoje, conversando com uma amiga, ela sugeriu que, da próxima, leve o doente ao AME que, acabo de descobrir, significa Ambulatório Médico de Especialidades. Certamente faltam concursos públicos, melhorias das instalações e, também, informação à população sobre as melhores formas de encaminhar pessoas com problemas de saúde.
Valdinho, seu amigo está melhor? É um absurdo o que estamos vivendo há muito, muito tempo. O Servidor, por exemplo, foi um excelente hospital, hj não é mais coisa nenhuma. O SUS, em grandes cidades, é deficitário ao extremo, os Planos de Saúde, com raras exceções, não funcionam. Estamos completamente à deriva. Bjs.
Oi, Fernando! Está melhor sim. A coisa é complicada. Tive uma experiência particular com o SUS quando fui afastado, e fui tratado razoavelmente bem, embora tenha enfrentado filas desnecessárias e atendimento deficitário. No mais, correu tudo bem. A diferença é que saí de um atendimento conveniado para resolver questão trabalhista no SUS. Agora, tratamento e pronto atendimento é outra coisa. A realidade é feia e temos que batalhar por melhoras em todo o sistema. Obrigado por seu comentário. Grande abraço.
Desde que eu me entendo por gente, esse atendimento parece ter virado regra em todo o pais. E pensar que, em “TODAS” as mudanças de nossos governantes, foram pautadas em melhoramentos na saúde, segurança e educação. Quanta cretinice!