Temos vivido feito equilibristas em corda bamba. Tivemos de atravessar um imenso precipício durante a pandemia, o que não foi conseguido por milhares de brasileiros, milhões no mundo todo. E se falta o trecho final dessa travessia até o controle e extinção do vírus, outra corda já exposta, outra caminhada bamba sob o espaço atual, que pode nos levar a precipícios tão ruins quanto.
Um imenso picadeiro, nosso país povoado de malabaristas buscando sobreviver, um outro tanto de ilusionistas com previsíveis intenções, alguns domadores que não perceberam que os tempos são outros, mágicos de ocasião que prometem soluções precárias, alguns bobos da corte (Para ser palhaço é preciso muito talento!), o mundo inteiro como plateia e nós, pobres brasileiros, equilibristas na vida, caminhando em corda bamba movimentada por imensos interesses, mas com rumo preciso: o resultado da nossa escolha.
Obrigatoriamente em frente, somos bombardeados por informações e seguimos, atônitos, tentando discernir, entre outras mumunhas contemporâneas o real do falso, batizado de fake, a mentira batizada de inverdade. E sabemos que fakes e inverdades são subterfúgios para evitar enfrentamentos violentos pois, disso não há dúvidas, são muitos os criminosos. Há gente que está fora dessa caminhada e aqueles que, pendurados na indecisão flutuam sobre muitas incertezas. Que cada um siga sua corda, seu rumo.
Caminhando sei de minhas necessidades e, por isso, posso ficar sem remédios, já não tenho médicos suficientes nem leitos nos hospitais, muito menos a quantia necessária para garantir o convênio. Sigo caminhando até onde conseguir pagar o preço da gasolina, até onde consiga pagar pela minha cesta básica, até onde consigo garantir o pagamento do aluguel. Não desisto, embora vá deixando a maior parte do pouco que recebo para impostos, e juros pesados do que precisei para sobreviver até aqui.
Entre o início e o fim dessa atual travessia, tropeçando e saltando sobre os obstáculos cotidianos, tornados “naturais”, enfrento um dado aparentemente novo chamado polarização. E percebo, com minha precária formação, que é esta formação a arma principal do opressor sobre meu semelhante. Informação, análise, interpretação, produtos da escola, da faculdade. Livros certamente facilitariam a trajetória, favoreceriam a percepção do vento, a direção da tempestade, a forma de equilíbrio nessa situação para que nos mantenhamos vivos.
Movimentos aflitivos dessa caminhada pela corda chamada Brasil. O outro está armado e anda cheio de cúmplices, protegido por gente que detém meios de comunicação e por outros, piores, que pouco se importam com os rumos que nossas vidas irão tomar. Banqueiros continuarão flutuando sobre juros extorsivos, especuladores vendo tudo de longe, atentos ao movimento de ações, aquelas que “valem” e que não estão entre as nossas tentativas de chegar ao destino!
Gostaria de estar calmo e tranquilo. Todavia a ansiedade é alimentada cotidianamente, a agonia cresce ao ver jornais, telejornais, internet e a angústia vem junto às oscilações dos resultados das pesquisas. Essas sensações todas que nos colocam em estado de aflição e, teimosamente, de esperança.
Caminhando sobre minha corda, vou junto contra as queimadas, contra a destruição das florestas, o desarmamento, os juros extorsivos, a falta de emprego. Caminho rumo a mais hospitais, mais escolas, mais universidades. Vacinado, quero mais vacinas! Mais ciência! Sobretudo, quero DEMOCRACIA. E por tudo isso, principalmente pela liberdade de poder escrever e seguir a vida como penso, que minha corda aflitiva, bamba, sôfrega e paradoxalmente firme tem nome, número e destino. E se você chegou até aqui já sabe: meu voto é Lula 13. O destino? Novas travessias sobre cordas bambas, pois, sabemos, não será fácil.