O assunto da hora (passada?)

Andei segurando a vontade de escrever sobre as questões estudantis, a USP e a ação policial. Não dá pra ir ao embalo da onda, sem reflexão, sem conhecimento profundo. Não adquiri tal conhecimento, mas consegui reprimir o juiz de plantão doidinho pra fazer valer a própria vontade. A onda mais forte, parece, já passou, o juiz que mora em mim está calminho e sobra a tentativa de reflexão justa.

Imprensa, estudantes, polícia, sociedade… Muita coisa!

A imprensa imediatista quer audiência, quer exemplares vendidos. E sem muita ponderação faz sensacionalismo ordinário. A imprensa vira bicho quando alguém tenta reprimi-la. O direito de informação é sagrado; tão sagrado que até é deixado de lado para não beneficiar a emissora concorrente que detêm os direitos de transmissão da íntegra de jogos. É bom aguardar as publicações reflexivas; também há bom jornalismo por aí.

Um monte de estudantes – com um discurso rancoroso – brinda os colegas da USP com primorosas peças preconceituosas: filhinhos de papai e maconheiros são as mais utilizadas. Com um conhecimento incrível da melhor maneira de resolver situações, indicam cacetadas para a solução da questão. Nas redes sociais exercitam a hipocrisia, como se o país fosse habitado por anjos ameaçados por “maconheiros filhinhos de papai”.

A polícia que – também historicamente – justificou atitudes alegando receber ordens, tem uma dificuldade imensa em discutir, dialogar. Aliás, foi cumprindo ordens que a desocupação foi feita. Quando lidamos com quem obedece, nosso receio não deveria ser direcionado para quem manda?

Os estudantes da USP clamam por liberdade, direitos, autonomia. Recusam a polícia e falam em segurança; defendem a guarda universitária. Um angu de caroço. Supondo-se que essa guarda funcione e que o reitor continue sendo selecionado pelo governador do Estado, o que mudaria? Não seria mais ou menos isso: o governo quer, exige do reitor, que manda a guarda que atuaria conforme os interesses do Estado e não dos estudantes?

No calor de tantas reivindicações de direitos, seria bom contrabalançar com outro tanto de deveres. Faltam listas e mais listas de deveres pra todo mundo. Podemos ter listas de deveres com itens específicos tipo “estudante deve estudar” e “polícia deve proteger”; também seria saudável deveres amplos: “Não devo mandar a policia bater em ninguém”, ou “Não devo generalizar a ação de minorias”.

Os atuais acontecimentos – penso eu – são parte da formação dos estudantes. Se há conflitos, aprenderão com as vitórias, também com as derrotas. Exercitarão o discurso político, as estratégias e táticas que determinam o êxito de grandes empreendimentos, grandes campanhas. Eles viverão na universidade um exercício prático, concreto, extremamente preparatório para a vida. Uma universidade do porte da USP não é de brincadeirinha. As situações são reais e podem descambar para a violência, os atos excessivos. Sem deixar de ser aprendizado.

Há um barulho enorme por um acontecimento dentro de uma Cidade Universitária, com tudo o que essa expressão significa.  Outras invasões, como por exemplo, as de torcedores irracionais exigindo vitória para seus times, deveriam causar maior reboliço. Agridem juízes, jogadores e colocam toda a população em risco com suas brigas por um mero resultado de um jogo.

Ah! Terminando, é fundamental constar que a minoria que entrou na onda da liberação da maconha não tem nada de original. A questão já gerou quiprocó na Avenida Paulista e em outros locais e cidades brasileiras.

Bom final de semana.

6 comentários sobre “O assunto da hora (passada?)

  1. O que mais me assusta nisso tudo é como as redes sociais, principalmente o Twitter e o Facebook, que é mais fácil falar “pro mundo”, fizeram vir à tona o quão escrota é nossa sociedade. Que a imprensa omite parte da informação, e que mesmo os sensatos fiquem do lado da PM, beleza, mas nada, nada mesmo justifica a defesa da violência. Século após século, o povo continua adorando ver as supostas bruxas queimarem na fogueira da inquisição.

  2. Virginia

    Parece-me que alguns estudantes estão tentando denegrir os objetivos dos estabelecimentos educacionais. Onde ficam os ideais profissionais, a preparação para o exercício eficaz, uma vez que estão misturando a liberdade com a libertinagem?

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