Estão em Roma alguns dos principais trabalhos de Caravaggio. Na penumbra de igrejas, sob uma irritante vigilância de padres que não ficam contentes com apreciadores de arte. Então, a melhor maneira para observar “A conversão de São Paulo” ou “A crucificação de São Pedro”, por exemplo, é fingir-se de fervoroso católico visitando a Igreja de Santa Maria Del Popolo. Todo mundo representa; o teatrinho compensa. Caravaggio é um dos maiores artistas do Barroco italiano.

Em São Paulo, na exposição que começa hoje no MASP e que irá até setembro, ninguém precisará rezar. E não será por falta de obras sacras, já que estarão expostas obras como o “São Francisco em meditação” e o “São Jerônimo que escreve”, dois bons exemplos da técnica, da perícia e da capacidade expressiva do pintor italiano. Além de trabalhos do artista há outros, cuja autoria não é comprovada, e ainda uma terceira categoria de obras, feitas por admiradores do artista e por isso denominados “caravaggescos”. O nome da exposição: “Caravaggio e seus seguidores”.
Michelangelo Merisi da Caravaggio (1571-1610) viveu pouco, mas intensamente. A vida conturbada é motivo de curiosidade para muitos e é comum perceber o interesse de jovens, encantados com as transgressões do pintor. Entre as ações rebeldes de Caravaggio há o fato de ter usado como modelo, para pintar a Virgem Maria, uma prostituta chamada Lena, amante do pintor. Não só dissoluto, Caravaggio também foi violento e teve sua carreira comprometida por lutas, ferimentos e fugas. A última levou-o para longe de Roma e o pintor passou seus últimos dias tentando o perdão papal, morrendo em Porto Ércole, antes de conseguir retornar para Roma, o principal mercado de arte do período.

A pintura de Caravaggio – o nome do artista vem do lugarejo onde nasceu – é de um brutal e emocionado realismo. São composições dramáticas, violentas, buscando a emoção do receptor. O Barroco é um período em que a Igreja Católica busca responder aos avanços da Reforma Protestante. As construções e a arte barroca visam reforçar a fé católica, direcionar as sensações dos fiéis para o alto; prato cheio para figuras espiritualizadas, devotas, nobres. Caravaggio rebela-se contra o que foi denominado Maneirismo e escolhe seus modelos entre o povo e cria cenas religiosas com perturbadora realidade.
O domínio técnico do claro-escuro é absolutamente notório na obra de Caravaggio. As obras do pintor emergem da escuridão e cabem perfeitamente na penumbra de locais sacros como a Capela Contarelli, onde estão pinturas sobre a vida de São Mateus, ou as citadas acima, da Igreja de Santa Maria Del Popolo, que estão na capela Cerasi.

O trabalho do artista está no Museu do Louvre, em Paris; no Palácio Barberini, em Roma; na Galeria Nacional, em Londres e, além das Igrejas e do museu do Vaticano, nas maiores galerias italianas tais como a Galeria Degli Uffizi e a Galeria Borghese. Se é difícil para o cidadão comum visitar todos esses lugares, visitar uma exposição dedicada ao artista é fundamental. Daí a relevância desse evento para os habitantes de São Paulo e para todos os que possam visitar a cidade.
Detalhes sobre horários, dias e preços estão em www.masp.art.br/masp2010
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Até mais!
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Estou louco para ver essa exposição. Amo Caravaggio, é o meu preferido.
IMPERDÍVEL!
Tô indo.
Quem sabe me provoca um sentimento de admiração!
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