O vírus assombra o planeta,
Assusta, deixando-nos no devido lugar.
Somos frágeis, indefesos,
Meros mortais.
O vírus avança lá,
Recua acolá,
aparece por aqui
O bicho-papão da infância
Volta em forma de realidade.
O medo antecede o vírus
O terror televisionado
Anônimos infectados
Anônimos mortos.
E as bolsas caem!
Feito ratos astutos
Feito baratas treinadas
Investidores preparam o bote
Recuam para melhor lucrar com a morte.
O vírus, tragédia anunciada
Pede serenidade perante o cadafalso
Resignação.
Medo mesmo, vem dos obtusos
Dos contaminados disfarçados
Dos propagadores irresponsáveis.
Medo maior dos donos das coisas
Das bolsas retraídas
Dos investimentos suspensos.
Para que água tratada?
Para que esgoto na periferia?
A hora é de investir em laboratórios
Distribuidores, vendedores de vacinas.
Medo dessa gente
Que lucra com o câncer
Com os tratamentos sofisticados
O dinheiro retraído para o próximo bote
O vírus, silencioso
Não discrimina ricos
O que é vantagem para o pobre.
A vacina, se vier,
Quando vier
Terá que ser para todos.
Valdo Resende, Março/2020
Foto: Flávio Monteiro