Quando Sônia Kavantan convidou-me para escrever uma peça de teatro, para cumprir temporada em cidades do interior do Pará e do Maranhão, aceitei imediatamente. Saí da nossa primeira reunião com mil idéias na cabeça, ansioso para começar a pesquisar e escrever. Minha primeira intenção envolveu o grupo MAWACA.
Jabuti sabe lê, não sabe escrevê
Trepa no pau, não sabe descê…
As meninas do MAWACA cantam o tema acima, das danças maranhenses, denominadas Cacuriá. No disco do MAWACA, elas cantam com TIÃO CARVALHO, que aprendeu em São Luís, a capital do Maranhão, os cantos e danças dessa festa, que acontece após a procissão do Divino.
Também pensei em FAFÁ DE BELÉM e nos seus carimbós. Nas melodias das canções que remontam às origens da cantora. Cogitei a BANDA CALYPSO e outros grupos similares, assim como, ao pensar no Maranhão, meu primeiro nome foi ALCIONE, com sua voz potente e afinada, lembrando os cantos de seus conterrâneos.
Levanta, boi e vai
Que é pro amo ver
Que boi também chora,
Também sente dor…
Depois veio ZECA BALEIRO, mas aí, eu já não queria mais FAFÁ, nem ALCIONE, nem ninguém. Primeiro porque, após reuniões, o foco do texto foi para o interior, nas várias cidades onde ocorrerão as apresentações. Segundo, porque fui descobrindo que, apesar da grandeza desses artistas, cosmopolitas, Pará e Maranhão são muito mais.
Fiz um “curso intensivo” revendo tudo o que já tinha visto sobre os dois estados brasileiros. Aprendi outras tantas novidades, ao pesquisar as cidades interioranas.

VAI QUE É BOM! É o título da peça, com o subtítulo “O casamento do Pará com o Maranhão”. A montagem está em andamento e a estréia prevista para o início de novembro. A equipe de profissionais, atores e técnicos de lá, já está trabalhando. Logo apresentarei todos eles aqui, para o pessoal do blog.
A peça é uma comédia onde, através de um casamento, os hábitos e costumes regionais são celebrados. A música, o folclore, a culinária, a mata nativa e, principalmente suas figuras humanas ganham destaque. Outras questões são abordadas: a preservação das riquezas arqueológicas, os problemas do desmatamento irregular e a diversidade cultural advinda da formação recente dos aglomerados urbanos.

Começo, assim, uma viagem inicialmente virtual, para mostrar alguma coisa dessa grande região; do trabalho teatral que faremos e, depois, irei lá para algumas reuniões e ensaios. De quebra, verei o CÍRIO DE NAZARÉ, em Belém. Trarei todas as informações aqui, no Blog do Vavá.
Quanto às músicas da peça, fiz sugestões, preferindo que a direção escolha o que há de mais representativo para ilustrar as cenas. Isso significará para nós, que estamos longe, além de um senhor aprendizado, diversão garantida, genuinamente brasileira. Enquanto não temos a trilha da peça, em breve falarei sobre essas duas maravilhosas cantoras e outras expressões da região.
Até!
Publicado originalmente em http://www.papolog.com/valdoresende
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