
Fui capturado pelo som de Stevie Wonder nesta madrugada e quebrei (Sem culpa!), a promessa de não ver o Rock in Rio via TV. Fazer o que; o cara é ótimo e, sacana, pegou-me pelo coração quando chamou uma de suas cantoras (Amigos, como o César, me alertaram: a moça é Aisha Morris, filha de Stevie) e atacou de “Garota de Ipanema”, com direito a improvisações de seus colegas instrumentistas. Um momento genial do encontro da música brasileira com o cantor e o grupo americano.
Stevie é velho conhecido de todos nós. A platéia canta junto, tranqüila e afinada, todos os grandes sucessos do astro. E o tempo vai e vem nas canções que são trilha de nossas vidas nesses cinqüenta anos de carreira desse artista. Ele transborda sinceridade quando diz que nos ama. Um amor antigo que começou lá atrás, quando Stevie Wonder cantou pela primeira vez no Brasil. Os jornais da época noticiaram que ele não queria voltar para os EUA, apaixonado que estava pelo nosso país.
É de lá, desse passado quase remoto, que Stevie Wonder resgatou um refrão, logo após “Garota de Ipanema”:
Você abusou
Tirou partido de mim abusou…
Não me restou alternativa exceto exclamar um sonoro palavrão; – Caramba! de onde ele tirou isso? A platéia foi na onda e repetiu o refrão, lindo, junto com a voz aguda de Stevie Wonder. Todavia os versos restantes, penso, ele esperava que a platéia cantasse; não rolou. Uma pena!
…Mas não faz mal,
é tão normal ter desamor
É tão cafona sofrer dor
Que eu já nem sei
se é meninice ou cafonice
O meu amor
Se o quadradismo dos meus versos
Vai de encontro aos intelectos
Que não usam o coração como expressão…
Foi lá, dos anos 70, que Stevie Wonder lembrou os versos de Antonio Carlos & Jocafi. Da música bonita que fez a cabeça de muita gente. Precisamente, nas férias de julho de 1971, eu não era o Tarzan, mas tinha uma namorada chamada Jane. E em um bailinho, onde tudo começou, conheci a garota (jamais esquecida, tinha uma semelhança com Barbra Streisand, sendo mais bonita que a cantora americana). Adivinha qual música dançamos de rosto e corpo coladinho?
…Que me perdoem
Se eu insisto nesse tema
Mas não sei fazer poema
Ou canção que fale de outra coisa
Que não seja o amor
Se o quadradismo dos meus versos
Vai de encontro…
Velho e bom Stevie Wonder, que além de todo o repertório fantástico que criou com suas composições – que continuarão atravessando gerações – ainda tem ouvidos para além, para as canções de outras terras, da nossa terra.
Quando ele começou os acordes de “Garota de Ipanema”, parei para ouvir o tratamento que daria ao grande sucesso de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. A interpretação foi digna do peso que essa música tem para todos nós. No entanto, ao entrar nos acordes de “Você Abusou”, o músico americano deixou claro que vai muito além da superfície, ouvindo nossas canções com o afeto que elas merecem.
Eu, só posso agradecer pela grata lembrança. Da música, de Antonio Carlos & Jocafi, dos meus 16 anos ao lado da loirinha Jane, que não abusou, mas que deixou ótimas lembranças. Vamos lembrar a canção?
Stevie terminou sua apresentação cantando com Janelle Monáe, uma nova paixão de muita gente. Três da madrugada…
Ouçam a canção, é bonita!
É para lembrar; e tenham um bom final de semana!
“My Sweet Lady Jane” (Stones) Valdo, emocionante lê-lo e observar que a música eterniza momentos. Você e Jane devem ter feito um par lindo demais. Viva o cara que, sem exergar, consegue ver direitinho o que passa em nossa alma, traduzindo sentimentos em canções. Valeu Valdo. Valeu Mr. Wonderful.
Stevie Wonder é um dos poucos que valem a pena no Rock in Rio, tanto por sua música como sua história. Não tinha ouvido Antonio Carlos e Jocafi, mas só corrobora o que eu digo faz tempo: o samba bom, de verdade se não está morto, está agonizando.
É o que acho mais incrível na música, nos fazer reviver momentos inesquecíveis de nossas vidas! Parabéns pelo post Valdo! Bom finds pra vc!
Ele conheceu a música com Wilson Simonal. Aliás, ele gravou uma versão em inglês de “Sá Marina”, “Pretty World”! 😉
Foi realmente emocionante!!!!!!!!!!!!!!
Toda música linda como esta, deveria ser regravada, na voz de jovens talentos.
Parabéns pelo belo texto e também pela linda e impecavel apresentação de Stevie Wonder
Simplesmente o must da cidade do rock. Ameiiiiiiiiiii.
Simpático. Carismático e ainda, cheio de muito talento.
Stivie Wonder é o nosso saudoso Wilson Simonal brasileiro.
Assisti pela tv. Me emocionei. Gostaria muito de também estar lá para ver tudo ao vivo.
O show mais contagiante na cidade do rock.
Agraciados os que tiveram a oportunidade de ver e ouvir um dos maiores artistas ainda vivos no planeta. Murri de inveja.
Não consegui esperar. O sono me dominou. Com certeza eu perdi mesmo que pela TV. Uma pena!
Apresentação sensacional, a de Stivie Wonder. Digna de sua brilhante história musical e das milhares de pessoas que o aplaudiram.
Valeuuuuuuuuu Stivie Wonder!!!!