Eita! Vejo Juliana Paes em Gabriela, a nova versão da obra de Jorge Amado e penso nessas senhoras que dizem como as pessoas devem usar isso e aquilo, que roupa, que cor, em que ocasião… Preocupadíssimas em determinar coisas para os outros, fico pensando: será que elas anotaram a grife do vestido da moça? Notaram o padrão, o corte, o caimento?
Será que alguém pensa em marca, tendência ou moda, olhando o corpo… ops! O vestido de Gabriela? Cobiça daqui, inveja dali, mas indiferença? Será que há indiferença?
Ela chegou sob sol escaldante, toda empoeirada e perturbadoramente bela. Garanto que também chegou cheirosa. Gabriela veio de onde as chuvas são uma raridade e o calor é intenso. O ar é tão seco que impede o desenvolvimento de bactérias comuns que, dizem, provocam cheiro ruim. Sem esse problema, as sertanejas têm um perfume próprio, gostoso. No romance, Jorge Amado entendeu por bem identificar esse aroma com cravo e canela.
Gabriela se esbalda quando vê água. Se mais do que qualquer brasileiro, aqueles que vivem no semiárido fazem festa com as mínimas gotas que caem do céu, quanto mais com uma fonte? A chegada da moça à conservadora Ilhéus, nessa encantada Bahia, é para não esquecer. E além do mais, entender a paixão pela água é compreender a vida no sertão, a sina do retirante que só deixa o que é seu pela falta que o líquido faz.
Vi o primeiro, o segundo capítulo e, embora me incluir entre os nostálgicos por Sonia Braga já não perco as cenas de Juliana Paes. Deusas morenas, sem silicone e sem chapinha (Como cabelo natural é bonito!), pele bronzeada e corpo que não tem nada de promessa, sendo pura realidade. Sonia, Juliana e basta um pedaço de tecido para mostrar a exuberância da mulher brasileira.
O que é que combina com que? Um monte de mulheres, dita consultoras, estilistas e sei lá que mais, determinam formas, cores e padrões… Para mulheres como Gabriela basta um vestido leve que, ao menor sinal de água cola ao corpo e fica mais sedutor, exuberante. Juliana torna-se um outro tipo de mulher quando com penduricalhos, turbantes e demais artifícios. Também Sonia Braga torna-se outra com objetos similares. As duas, com um “vestidinho” simples, são deusas.
Penso que a personagem de Jorge Amado tem muito a ensinar à mulherada de hoje. Gabriela é liberdade, alegria de viver; capacidade de entrega, aceitação de si; é o ser em harmonia e cumplicidade com o que a vida lhe deu; é simplicidade e paixão.
Consta que a Rede Globo dispõe de um serviço para indicar onde adquirir roupas iguais às usadas pelas atrizes, tanto em novelas quanto em minisséries. Na recente Fina Estampa, as camisolas usadas por Christiane Torloni foram o maior sucesso e os fabricantes bateram recordes de vendas. Bom, o inverno está começando e ninguém precisa ligar para saber como conseguir um vestido como o de Gabriela, mas que seria bom que isso acontecesse, seria!
Até mais!
Valdo, belíssimo texto, me remeteu à minha adolescência quando minha tia costurava meus vestidos de menina pobre, feitos em chita que se passasse uma goma rala tinha outro aspecto, o tecido transformava. A mulher não era montada, era autêntica e a jovem pura e simples. A mineirice era fantástica se comparada ao nossos dia.
Aaaah, qdo eu li o texto de hj, lembrei q meu lindo nome, Gabriela, veio por causa da primeira novela, papel como já citado por vc, de Sônia Braga, acho q em 1984, ano anterior ao meu nascimento… Me lembrei tb, de um trechinho q adoro e q descreve bem a “Gabriela”: “Ah! Gabriela! A mistura perfeita de inocência e malícia. Rosa com espinhos. Sangue quente, alma pura, picante, marcante, amorosa, calorosa, menina, mulher, muralha, inesquecível, incomparável, indecifrável, cravo e canela. Ah!Essa sim é Gabriela!” (Jorge Amado)
Não seria nada lindo se o conteudo não fosse assim tão belo.
É muito difícil não se apaixonar por uma Gabriela!
Garota brejeira. Assim dizia o meu avô.
Assisti Gabriela com Sonia Braga, mas estou adotando Juliana como se fosse a primeira.