Penso não ser o único maluco a guardar na cachola trechos de canções, frases melódicas acompanhadas de letra ou não. Poderia elaborar uma bela lista caso soubesse o nome da canção, os autores, os intérpretes. Obviamente que algumas dessas canções caminham comigo desde a infância, ouvindo minha mãe ou minhas irmãs cantarolando enquanto trabalhavam, outras vieram das minhas andanças por aí.
A tarde reservou-me agradável surpresa quando comecei a ouvir e reconheci uma canção do tempo em que fui adolescente. Foi como algo de há muito perdido que, de repente voltou e, junto ao som, imagens com total nitidez.
Nesse momento
Nosso romance começou
Todo esse tempo
Eu quis falar do meu amor
E dizer quanto eu espero
Envolver-te em meus braços
Vendo o dia amanhecer
Fui adolescente típico. Daqueles que ficam trancados horas no banheiro, outro tanto frente ao espelho; também estive entre os que adoram a madrugada como refúgio seguro para viver “longe do olhar dos adultos”, que teimam em intrometer-se onde não são chamados.

Altas horas, todos recolhidos, meu irmão tendo ido para Brasília, reinava absoluto em meu quarto e, através do rádio, viajava todas as noites para o Rio de Janeiro. Ouvia o programa de Abelardo Barbosa, o Chacrinha, via Rádio Globo AM. O famoso apresentador estava em casa, já que foi no rádio onde iniciou a carreira. Não posso precisar as horas, mas eram altas, muito altas horas. Papai acordava de madrugada e vendo a luz acesa no quarto dava-me broncas homéricas, obrigando-me a desligar o rádio e ir dormir. Habituei-me a colocar um pano para impedir a luz de atravessar pelas frestas da porta e ouvia baixinho, a música que voltou na tarde deste domingo para reavivar lembranças.
Eu te amo tanto
Que eu não sei como explicar
Todo esse encanto
Que vem fazer eu te adorar
Se eu perder os seus carinhos
Vou sofrer demais sozinho
E de saudade vou morrer
Desse período, ainda em Uberaba, algumas músicas permaneceram fortes na lembrança e poderia jurar que “Eu quis falar do meu amor” seria dessa época. Acontece que é uma gravação de Junho de 1973. Junho não é mês que esqueço, já que nasci no próprio e, em 1973 eu estava às voltas com o serviço militar, já distante de Uberaba, morando com meus avôs, em Campinas, no interior de São Paulo.
Se alguém me perguntasse uma música de 1973 eu diria “Goodbye, Yellow Brick Road”, de Elton John e todo o LP “Drama, 3º Ato”, gravado ao vivo por Maria Bethânia. Venho mantendo essas e muitas outras canções na memória e, de vez em quando, fico cantarolando algumas e outras; entre essas outras…
Nesse momento
Nosso romance começou
Todo esse tempo
Eu quis falar do meu amor…

Hoje, ouvindo os primeiros acordes da canção fui mágica e rapidamente transportado no tempo, no espaço. Foi um agradabilíssimo encontro com a velha canção que não sabia mais de quem era, quem cantava, que nome tinha. “Eu quis falar do meu amor” é de Roberto Correa e Jon Lemos e foi gravada em 1973 por Wanderléa. Essa e outras canções estão na caixa “Wanderléa Anos 70”. São seis CDs e parei no primeiro, embevecido com a canção da qual guardava fragmentos na memória. Sobre os CDs, sobre as demais canções escrevo em outro momento. Agora, por enquanto, “Eu quis falar do meu amor”… E que amor, Wanderléa!
Eu te amo tanto
Que eu não sei como explicar
Todo esse encanto
Que vem fazer eu te adorar…
.
Boa semana para todos!
.
Nota: Encontrei uma reprodução no Youtube. Para conhecer a canção clique aqui.
Está difícil encontrar a caixa. Vi nos jornais, já procurei em diversas lojas. Alguém pode me ajudar? Não quero comprar via internet.
É muito gostoso reviver momentos nostágicos.
Até hoje, consigo relaxar e ainda me encantar com programas de rádio nas madrugadas. Ouço belas músicas.
HUMMMMMMMMMMMMMMMMM! HORA WANDECA… HORA BETHÂNIA.
Surpreendente mesmo esta oportunidade, pois só se houve músicas chiclets. Um saco.
Em Orlandia tem uma rádio FM que tem um programa a partir da meia noite com o nome de Nostalgia musical. As músicas são escolhidas a dedo. Vale a pena conferir
Tá xonado hein Vavá!