Anarina de volta, com sol e brisa

Que venham dias amenos!
Que venham dias amenos!

Se o sol vem com calor insuportável, aumenta a vontade de não fazer nada. Fico feito jacaré, quietinho, tentando suportar a temperatura, achando que é tudo culpa do cimento armado, cobrindo a imensa região onde está a cidade de São Paulo que assim, fica impermeabilizada. As pessoas confundem terra com sujeira… E tocam a jogar cimento em quintais, jardins, pequenas áreas que somadas, arborizadas, melhorariam o clima da cidade.

Insisto sempre em que todas as pessoas deveriam ter umas plantinhas dentro de casa, nas soleiras das janelas, criando jardins internos ou aéreos, como o do topo do edifício bem em frente ao que eu moro. Nunca é o bastante aproveitar todo e qualquer espaço para uma plantinha. Só de olhar pro verde a impressão é de conforto, frescor. O verde na cabeça lembra o mato, para a zona rural de onde todos nós, mesmo que remotamente, viemos.

Eu quero uma casa no campo

Onde eu possa compor muitos rocks rurais

E tenha somente a certeza dos amigos do peito

E nada mais…

Lá pras bandas de Minas, onde imperam montanhas e chapadas, conta minha irmã que o calor também se faz presente. E junto com o calor vem aquele incômodo das perceptíveis mudanças planetárias. Se a gente muda, se ocorrem mutações, é óbvio que o planeta, como um todo, também passa por transformações. O problema são os urubus de plantão alardeando o fim drástico, o tal aquecimento que pode resultar em degelo, muita água, muitas inundações, “revertério” total!

Se o calor tomou cidades, os campos e matas, pra perto do mar é que não vou. Vai que rola um tsunami! Eu nado tanto quanto um martelo. Mar, comigo, é pra molhar o pé e olhe lá! Passaria uma vida inteira olhando a inconstância das ondas, tão indecisas no eterno vai e vem; a imensidão, o mistério. Das expressões mineiras, uma das que mais gosto: Eta marzão grande, sô! Tão imenso, profundo, merece respeito. Não é pra ficar de bobeira perto dele.

Andei por andar, andei

E todo caminho deu no mar

Andei por andar, andei

Nas águas de Dona Janaína…

O pior é ainda ter que, pra chegar até a costa, enfrentar horas de decida insana, entre milhares de veículos. Com esse calor, permeado de momentos amenos, eu sonho mais é com vida mansa, sem ter que fazer isso ou aquilo. Além do mais, calor me deixa sem dormir e, consequência disto, uma irritação, uma vontade de, no final das contas, não fazer nada. Viver de brisa é sonho; mas, que eu gostaria, ah, isso sim, seria legal! Viver de e na brisa. Quer coisa melhor?

Vamos viver no Nordeste, Anarina

Vamos viver no Nordeste

Deixarei aqui, meus amigos, meus livros

Minhas riquezas, minha vergonha

Deixarás aqui, tua filha, tua avó,teu marido

Teu amante

Aqui, faz muito calor

No Nordeste faz calor também

Mas lá tem brisa

Vamos viver de brisa, Anarina

Vamos viver de brisa

Sempre que o calor toma conta relembro Anarina. E se ele me faz falta, aí sim, chamo por Anarina. Anarina sempre sai dos versos de Manuel Bandeira para atender meus chamados. Ela me dá sorte! Ontem foi tiro e queda: foi só lembrar Anarina que a chuva caiu, refrescando a noite e tornando este um domingo melhor. Tomara que continue assim, com mais dias amenos nesta semana. É o que desejo para todos.

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Até!

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Referências:

Casa no Campo – Zé Rodrix / Tavito

Quem vem pra beira do mar – Dorival Caymmi

Brisa – Música de Paquito sobre poema de  MANUEL BANDEIRA.

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