
A música tem permeado toda a minha vida. Através do canto, desde a infância, das brincadeiras com violão onde surgiram as primeiras composições. Com o tempo meu trabalho ficou restrito à letras e, com orgulho e gratidão, somo parcerias com Wilson de Oliveira, lá de Minas Gerais, Leonardo Venturieri, no Pará e aqui, em São Paulo, com Maurício Werá e Flávio Monteiro. De um velho projeto resgato o soneto abaixo, já musicado por Maurício Werá. Nossa inspiração veio da tragédia Medeia, de Eurípedes, lembrada na ilustração acima.
QUATRO CANTOS
Maurício Werá e Valdo Resende
Canto pelos quatro cantos do mundo
Minha voz ocupa espaços sonoros
Entre um canto e outro calo ou choro
Silêncio e morte onde o som infundo
Quer saber então por que é que eu canto
E nas pausas descanso a garganta?
Se existe razão para quem canta
Louvar a alegria e entoar o pranto?
A canção é toda matéria viva,
O calor da pele, a fria deriva.
Ressoam na voz cor e escuridão.
A razão não sabe do sentimento
Que embarga a voz e encarna o tempo
Música ultrapassa qualquer compreensão.
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Até mais!