Por Fernando Brengel

Lembro perfeitamente do dia em que, montado no meu possante carrinho de rolimã, saí em último e cheguei em primeiro.
Mal senti o sabor da vitória. Um capote cinematográfico no final da ladeira em que tirávamos o racha me levou a conhecer um balde de Merthiolate e uma dor terrível. Posso senti-la como se fosse hoje.
Quem não guarda na memória fatos como esse, sensações, odores, sons, alegrias, medos? Quem não busca dentro de si aprendizados, experiências?
A memória somos nós. É a única companheira que não nos larga nesse e, como creio, no plano para o qual, um dia, partiremos.
A memória não mente. Não julga. Quem se esconde dela, muitas vezes, somos nós, temendo facear atitudes inconfessáveis, gestos desnecessários, práticas condenáveis.
Na mão contrária, lançamos mão de suas benesses quando buscamos as lembranças de momentos felizes, de experiências prazerosas, daquilo que nos destaca. Enfim, de tantos momentos positivos construídos, vivenciados.
Não conheço Uberaba, não tenho a menor ideia da sua configuração. Exceto por fotos, nunca senti a sensação de pisar no mineiro solo de suas ruas, praças, avenidas. Isso até ler o “Vai e vem da memória” de Valdo Resende.
Mais que Uberaba, conheci um pouco do seu Bino, pai do Valdo, da dona Laura, sua mãe. Uma mulher decidida, que se fosse necessário espantava a bala, como o fez, um meliante que tentou invadir a sua casa. Uma das partes mais engraçadas do livro.
Entre fatos hilários, como o da dona Laura, passagens doloridas, conquistas e sonhos, o autor tece pensamentos que nos levam a fazer um balanço da nossa própria existência.
Uma viagem pela terra natal, a família, os amigos e as paixões, que serve como combustível para refletirmos a respeito de nossas trajetórias.
A obra, bem escrita, digna de um autor que nos brinda com o terceiro livro, fora os vários textos assinados para teatro, é de leitura ininterrupta. Daqueles volumes que a gente começa e só larga no ponto final.
Valdo abriu definitivamente o coração em o “Vai e vem da memória”. Acertou as contas consigo e retratou, sem abusar das tintas, o que o tornou o ser humano que é. Tocou, de acordo com a sua régua, em temas repletos de humanidade. Escolheu a prosa para mostrar a poesia do tempo. Um tempo repleto de ensinamentos, emoções e vida. Um bela e produtiva vida.
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Serviço:
O VAI E VEM DA MEMÓRIA – Valdo Resende
Elipse, Arte e Afins Ltda.
312 páginas – R$ 65,00
EVENTOS DE LANÇAMENTO:
UBERABA – MG 27/11/2021 – 16h00 ÀS 18h00
BARROCO ARTE CAFÉ – Rua João Pinheiro, 213
SÃO PAULO SP – 04/12/2021 – 15h00 ÀS 18h00
PORTELLA BAR – R. Professor Sebastião Soares de Faria, 61 – Bela Vista.
Essa descrição do Fernando, provoca ainda mais a nossa curiosidade. Ainda bem que em breve será resolvida.
Aproveito a oportunidade para dizer ao Fernando que essa é a chance de pizar na terrinha uberabense, sabendo desde já que ao tomar a nossa água, nunca mais deixará de voltar.
Grande Brengel!! O livro é tudo isso mesmo. E muito mais.