Gosto muito de ver as pessoas em foto quando crianças. Essa brincadeira no Facebook tem um aspecto ótimo. Não importa quem seja o indivíduo; ele é o resultado de uma criança com olhos vívidos, ar inocente, alegria pura, semblante que é só esperança.

Há crianças que evidenciam surpresa perante a vida e, sobre esta, lançam uma fé inabalável, a crença em um futuro bom. São imagens que provocam alegria, despertam ternura e encantamento.
Em 2008 escrevi, no Papolog, sobre o dia das crianças e destaquei minhas irmãs. Resolvi resgatar e completar a família.
Tudo começou com duas crianças…

Laura, que é paulista de Pioneiros, cresceu em diferentes casas, sempre próximas da linha da antiga Companhia Mogiana de Estradas de Ferro. Em uma delas, em Araguari, a menina Laura encontrou o menino Bino (Para o registro, Felisbino), que havia nascido em Estrela do Sul, Minas Gerais.
Laura e Bino, já casados, tornaram-se os pais de seis crianças. E foi assim que escrevi sobre toda essa meninada:
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PRA NINAR TODA GENTE!
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Ando pensando nesse dia das crianças faz tempo! E, graças a Deus, crianças não faltam por aí. Lá em casa, por exemplo, tem três meninas. Cada uma com suas particularidades, com seu jeitinho, suas manias.
“Se lembra da fogueira
Se lembra dos balões
Se lembra dos luares dos sertões
A roupa no varal
Feriado nacional
E as estrelas salpicadas nas canções…”
As meninas lá de casa sempre foram bem sapecas. Como todas meninas, brincam com suas bonecas: bonecas de pano, de papelão, de louça, de plástico. Meu pai do céu, quantas bonecas! Ensaios infindos para uma possível maternidade. Se a gente dá um cascudo nas bonecas (todas têm nome próprio!) elas choram como se tivesse sido nelas. Mas elas gostam mesmo é de brincar.

“Eu levo a vida cantando
Hi, Lili, hi, Lili, hi lo
Por isso sempre contente estou
O que passou, passou…”
Meninas são meio esquisitas. Gostam de mandar a gente guardar as coisas, arrumar o quarto, botar os livros no lugar. Parecem mães! Quando menos se espera, lá vem elas usando batom, salto alto, a maquiagem da mãe. Pintam a boca! Colocam fitas no cabelo, colares, pulseiras, brincos e ficam em frente ao espelho… Bobas!
“Menininha do meu coração
Eu só quero você a três palmos do chão
Menininha não cresça mais não
Fique pequinininha na minha canção
Senhoria levada, batendo palminhas
Fingindo assustada do Bicho-papão…”
Não demorei em descobrir que um tal de brincar de casinha, vestir roupa de mãe, fazer comidinha, era um ensaio pra vida. Quase num piscar de olho, as meninas lá de casa deixaram as matinês pelas sessões de cinema do começo da noite. Todas enfeitadinhas, eufóricas, ansiosas, pra encontrar sabe-se lá quem, pois elas sempre… Cochichando!
“Olha as minhas meninas
As minhas meninas
Pra onde é que elas vão
Se já saem sozinhas
As notas da minha canção…”
E quando eu comecei a perceber o mundo direito, as meninas lá de casa já tinham suas meninas e meninos. E eu virei tio, meus dois irmãos viraram pais. Não me lembro de ter brincado de ser pai! Muito menos meus irmãos. O mais velho foi o primeiro a ter sua menina, lá pros lados onde escolheu morar. E, como se fosse um sonho rápido, foi a vez dele de tomar conta da sua menina.

“Eu te vejo sair por aí
Te avisei que acidade era um vão
– Dá tua mão
– Olha pra mim
– Não faz assim
– Não vai lá não…”
Caraca; meus irmãos encheram a casa de meninos e meninas. E a gente querendo agradar todo mundo, beijar todo mundo, abraçar, guardar do mal do mundo. É uma tensão total se uma menininha cai, se um menino se machuca, se um briga com outro. Os meninos, pra variar, têm que maneirar… – Cuidado, ela é menininha!

Foi com minha mãe que começou essa história de “meninas”; ela se refere assim às minhas tias, tios. Em casa temos três meninas. Vieram depois outras meninas, filhas das meninas lá de casa que, por sua vez, tiveram meninos e meninas, ufa!. Ainda tenho o meu irmão caçula, que nos deu menino e meninas; e tenho o outro, que não está mais por aqui, mas que nos deixou uma menina e um menino.
“Mas o tempo é como um rio
Que caminha para o mar
Passa, como passa o passarinho
Passa o vento e o desespero
Passa como passa a agonia
Passa a noite, passa o dia
Mesmo o dia derradeiro…”
Fica repetitiva essa meninada, mas é puro carinho! Sei que estou aí, pelo mundo. Aprendi lá na adolescência a distinguir menina de namorada. Das meninas a gente fica amigo! De algumas, a gente vira um quase irmão. As três meninas, cujas fotos estão aqui no post, são minhas irmãs de pai e mãe. Tenho muitas outras, irmãs na vida.
Este dia das crianças quero dedicar aos meninos e meninas que encontrei por todo o tempo. Acho que a vida seria bem melhor se a gente tratasse as meninas e os meninos como irmãos. E, recordando bem seriamente como é ser irmão, é fácil tratar os outros com maior delicadeza, sendo duro só quando necessário; muito necessário!

O mundo está hiper cheio de meninos e meninas. De todas as idades, credos, cores. Pode-se resolver essa data facilmente, dando um brinquedo bobo, fazendo um passeio qualquer. Afinal, essa data, ao que parece, surgiu foi para incrementar o comércio. Fazer o que… ela está aí! O jeito é encarar.
Esse blog, tudo indica, não é frequentado por crianças. Mas as pessoas que passam por aqui tem irmãos, irmãs… Meninos e meninas. Por isso, para as próximas noites quero dizer pra meninada da minha vida, que vou imaginar essa canção, com todo o meu carinho, para toda a “criançada”!
“É tão tarde, amanhã já vem
Todos dormem, a noite também
Só eu velo por você meu bem
Dorme anjo, o boi pega neném…
Boi, boi, boi
Boi da cara preta
Pega essa menina
Que tem medo de careta!”
(quase fim)
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Essa foi a história que ainda é. Vamos por aí, ao lado de tantas outras crianças que foram netos, bisnetos das duas primeiras, Laura e Bino. Abaixo, concluo este com a imagem do menino que escreve este blog .
Até!
Notas Musicais:
Maninha – Chico Buarque
Lili – Deutsch/ kaper – Versão: Haroldo Barbosa
Menininha –Vinicius de Moraes / Toquinho
As minhas meninas – Chico Buarque
As vitrines – Chico Buarque
O tempo e o rio– Capinam / Edu Lobo
Acalanto – Dorival Caymmi
linda homenagem Valdo
Amei como sempre!! lendo fico relembrando, conhecendo mais um pouco, matando a saudade, muito gostoso, um bjo adoro essa meninada!!
Valdo com “V” mesmo? rsrs
Ótimo texto. Ótima maneira de receber o 12 de outubro. Um dia eu chego lá… rs
Bjs, menina Taís. 😀
Lindo, Valdo. Delicadamente emocionante. Bjs;
“Senhor da-me um coração de criança
Que busca no pai sempre a solução
Que ouve o que está pra acontecer
E se alegra e prepare-se pra viver
Que sabe que na correção é amor
E na disciplina um futuro melhor
Não teme que algo lhe vai faltar …”
Me dei hoje, Um Feliz Dia da Criança” que ainda sou. HHHHHHHHHHHHH…
Nem quando criança fui ninada assim.